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Luta todos os dias: o Combate à Aids

Genilson Coutinho,
02/12/2020 | 10h12

Elder Pereira Ribeiro/Camile Silva Nascimento

É interessante relembrarmos o dia mundial de combate a Aids, mas não exclusivamente no dia 01 de Dezembro, é uma luta constante, contínua, mútua e coletiva. O alerta não se dá somente nesse dia em que é um marco para o ritual de celebração. Mas, entendermos que, alertar a sociedade sobre essa doença, é um dever diário e não pode se concentrar somente em um dia do mês. Como também, é importante frisar em que essa data foi escolhida pela Organização Mundial de Saúde, e é celebrada uma vez no ano, desde 1988, no Brasil, uma vez que ocorreu logo após a Assembléia Mundial de Saúde que centralizou essa data comemorativa.

É uma doença decorrente do vírus HIV, essa manifestação viral acontece quando se tem contato sexual desprotegido com um parceiro(a) contaminado(a), pode também ser transmitido por transfusão de sangue ou pela partilha de objetos perfurocortantes. A sociedade criou uma concepção de que ser HIV positivo é a mesma coisa de se ter a Aids, é uma concepção errada, criada pela sociedade preconceituosa. É preciso compreender que, a Aids é a fase mais avançada da doença, quando o sistema imunológico do indivíduo já se encontra debilitado. Uma outra concepção descolonial que precisamos entender, é que a Aids não mata por si só, uma série de outras doenças podem a surgir devido a fraqueza no sistema imunológico do sujeito, tais como, a pneumonia, por exemplo, que pode vir à surgir nesse momento de fraqueza.

Sabemos que os primeiros casos de Aids foram achados nos países: Estados Unidos, Haiti, e na África Central entre 1977 e 1978, porém só foram categorizados como uma síndrome, no ano de 1982, quando houve uma melhor compreensão da doença em si. Já no Brasil, as formas de transmissão da doença começaram a ser focalizadas, em 1982. E no ano de 1985, iniciou-se a falar em comportamentos de risco, descentralizando-se da lógica colonial que centraliza(os)(as) como “grupos de risco”.

Vale ressaltar que um dos grandes avanços foi, no ano de 1991, com a compra de medicamentos anti-retrovirais em prol de distribuição gratuita para a população. Em 1993, no Brasil começou a fazer o coquetel que trata a Aids, e em 1996, foi sancionada uma lei que diz que, todos os doentes com a Aids devem receber o medicamento de forma gratuita. Através dessa ação conjunta, foi que melhorou a saúde de muitos infectados. De 1999 para cá, já temos no Brasil diversos medicamentos para tratar a Aids.

Diante dos autos apresentados, é sabido que não se pega a Aids a partir de um abraço ou um aperto de mãos em um corpo que enfrenta a Aids. Um indivíduo com a Aids, pode trabalhar, estudar, e etc, a doença não é uma exclusão de seu meio social, por isso, que não devemos ver um corpo que enfrenta a Aids como uma sentença de morte, mas é mais que possível viver, é possível viver-feliz-bem, mesmo com a doença. Não centralizemos o alerta somente no dia 01 de Dezembro, mas todos os dias, bem como criarmos as estratégias de repensarmos nossas atitudes monstruosas com os portadores da doença.

Elder Pereira Ribeiro
Ativista e Coordenador da Aliança Nacional LGBTI+, em Santo Amaro/BA
Camile Silva Nascimento Ativista e Coordenadora Nacional de Mulheres Trans da Aliança Nacional LGBTI+, e Coordenadora do Fórum Baiano LGBT, da Bahia. Bacharel em Educação Física (UNIME), e Especialista em Atividade Física adaptada em Saúde (Estácio de Sá).