72% dos usuários da terapia que previne o HIV pegam sífilis ou gonorreia
Usuários da PrEP, terapia que previne a infecção pelo vírus HIV, correm maior risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis, é o que diz a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com um estudo global feito pela Universidade Monash, na Austrália, 72% das pessoas que utilizam PrEP há pelo menos um ano foram diagnosticadas com clamídia, gonorreia ou sífilis. Antes de começarem a tomar o medicamento, 24% dessas pessoas haviam sido diagnosticadas com uma infecção sexualmente transmissível (IST).
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após revisarem 88 estudos feitos no mundo todo sobre o assunto. A revisão, publicada na revista científica JAMA Network Open, concluiu que os fatores que colocam as pessoas em risco de contrair o HIV – como baixo uso de preservativos e ter mais de um parceiro sexual, por exemplo – são os mesmos que aumentam o risco de adquirir outras ISTs.
A OMS destaca a importância da PrEP na prevenção do HIV em todo o mundo, mas ressalta a importância de alertar os usuários sobre o comportamento sexual de risco. A instituição aconselha que os serviços que oferecem a PrEP incluam testes e tratamentos de prevenção a outras infecções sexualmente transmissíveis.
“A PrEP tem o potencial de ser uma das intervenções mais significativas e poderosas para prevenir a infecção pelo HIV. Este estudo destacou uma vantagem adicional da PrEP: ela oferece uma oportunidade para melhorar a saúde sexual daqueles indivíduos e populações com maior risco de HIV e DSTs”, disse o diretor do MSHC, Christopher Fairley.
PrEP
A PrEP, sigla para profilaxia pré-exposição, consiste em uma terapia cujo objetivo é prevenir a infecção por HIV por meio da ingestão diária de um medicamento que é uma combinação dos antirretrovirais tenofovir e entricitabina. O Truvada, nome comercial do remédio, bloqueia a entrada do vírus HIV no DNA das células de defesa do organismo, impedindo a sua replicação.
Se utilizado de forma regular, sem interrupções, ele reduz em 90% o risco de infecção. Na rede pública brasileira, a PrEP é oferecida gratuitamente desde janeiro de 2018. Como parte da terapia, os usuários devem se submeter a consultas e exames periódicos de ISTs, o que contribui para a redução do risco e diagnóstico precoce dessas doenças.