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Seminário consolida a Bahia no mapa internacional dos debates ligados à sexualidade e gênero

Genilson Coutinho,
05/09/2015 | 00h09
A filósofa norte-americana Judith Butler fará a abertura neste sábado (5),no Teatro Castro Alves (TCA).

A filósofa norte-americana Judith Butler fará a abertura neste sábado (5),no Teatro Castro Alves (TCA).

O II Seminário Internacional Desfazendo Gênero, que ocorre de 4 a 7 de setembro, em Salvador, finca a Bahia como referência internacional nos estudos de gênero e sexualidade. Com suas 1.500 inscrições esgotadas desde julho, o evento traz à capital pesquisadores e ativistas de todas as regiões do Brasil, além de conter em sua programação a participação de teóricos e artistas de vários países da América Latina, Espanha, Portugal e Estados Unidos.

A programação será quase toda centrada nas diferentes salas dos pavilhões de aulas 3 e 5 da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no campus de Ondina. Porém, há atividades em outros espaços da cidade, como a conferência de abertura no Teatro Castro Alves (TCA), com a filósofa norte-americana Judith Butler, no dia 5 de setembro. As participações internacionais foram pensadas a partir das contribuições dos autores em seus países de origem, como é o caso de personalidades da Argentina, Chile e República Dominicana que lidam com as dissidências de gênero.

“Quase todas as pessoas convidadas possuem um diálogo, nem sempre amistoso, entre aquilo que se convencionou nomear de ativismo e a universidade. O fato de valorizar e produzir ações no campo da cultura, para o respeito à diversidade, foi outro critério importante para escolher os nomes”, explicou o professor e pesquisador Leandro Colling, coordenador do evento e do grupo de pesquisa Cultura e Sexualidade (CUS), que realiza a segunda edição do II Seminário Internacional Desfazendo Gênero com o apoio de várias parcerias.

Uma das atrações é a cantora, poeta e atriz argentina Susy Shock, que desembarca em Salvador com toda a experiência de quem produz arte a partir de uma olhar que busca fissurar as normas de gênero e sexualidade. Susy participará, no dia 4, da mesa de debates Questões Trans*, Violências e Poesias. Participam da discussão também a ativista carioca Indianara Alves e a pesquisadora Berenice Bento, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Susy já se apresentou em algumas cidades brasileiras, mas trará especialmente para o Desfazendo Gênero um pocket show do seu espetáculo intitulado Poemario Transpirado. A apresentação será também no dia 4, a partir das 20h. “Vou misturar música, poesia, folclore argentino e os processos de desconstrução de gênero e sexualidade”, prometeu a artista.

Outro nome conhecido no evento é o do chileno Felipe Rivas, performer e integrante do coletivo CUDS, que atua com dissidência sexual. Ele fará uma instalação no foyer do Teatro Castro Alves, no dia 5. O trabalho de Rivas será baseado em uma seleção de vídeos com performances realizadas a partir de 2009. “Quero pensar a produção da identidade sexual nas redes online, a circulação do queer na América Latina, a violência homolesbotransfóbica e o pós-pornô”, assegurou.

Rivas também estará na mesa intitulada O Conceito de Cisgeneridade como Resistência Epistêmica, no dia 5, no Auditório A do PAF5, a partir das 18h. O debate terá ainda a participação da ativista e editora da primeira revista travesti da América Latina, Marlene Wayar, e da pesquisadora e organizadora do livro Transfeminismos: Teorias e Práticas, Jaqueline Gomes de Jesus. “O Desfazendo Gênero será importante para estabelecer diálogos sobre ativismo, reflexão crítica e arte entre o Sul-Sul, rompendo assim um pouco a distância e reforçando laços críticos entre países do Sul”, completou Rivas.

Outros nomes internacionais conhecidos são as argentinas Leonor Silvestri e Marlene Wayar, os chilenos Juan Pablo Sutherland e Andres Ignacio Rivera, as espanholas Diana Torres e Gracia Trujillo, a dominicana Yuderks Espinosa e os portugueses Sérgio Vitorino e João Manuel de Oliveira.

O EVENTO – O Seminário Internacional Desfazendo Gênero foi criado em 2013, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo núcleo Tirésias, à época coordenado pela professora Berenice Bento. A proposta foi a de criar um espaço específico para os estudos e ativismos queer no país.

Logo após o término da primeira edição, em Natal, o CUS, vinculado ao Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT – UFBA), assumiu a missão de realizar a segunda edição em Salvador. Capitaneado pelo professor Leandro Colling, o CUS é formado por alunos e alunas de graduação e pós-graduação que desenvolvem pesquisas na área.

O evento em Salvador terá seis mesas de trabalho, 25 oficinas, 25 minicursos, sete encontros interdisciplinares e 71 simpósios onde serão apresentados 759 trabalhos. A programação inclui performances, peças de teatro, instalações artísticas, apresentações musicais, lançamento de livros, exibições de filmes e um já aguardado Caruru da Diversidade, organizado pela Residência Universitária da UFBA.

Mais informações sobre o evento podem ser encontradas no site: