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Revelando Histórias: mostra da Casa das Histórias de Salvador ganha versão audiovisual para ampliar as vozes dos depoimentos

Genilson Coutinho,
20/05/2025 | 14h05

Foto: Divulgação

Com sete episódios, série reforça a experiência da exposição ao dar movimento a alguns dos personagens

Na Casa das Histórias de Salvador (CHS), o terceiro andar é um mergulho no patrimônio cultural da cidade. Além do curta-metragem “Trançando Festas”, dirigido por Sofia Federico, o pavimento traz à tona histórias que, muitas vezes, passam despercebidas pelo público, mas neste espaço, ganham visibilidade com a mostra composta por 24 depoimentos de pessoas diversas que residem em Salvador. São pessoas comuns, como Arivaldo Santana, pescador, Vilma Monteiro, baiana de acarajé e Ana Cristina Rosário, professora, que compartilham suas vivências e relações afetivas com diferentes lugares da cidade.

Agora, parte dessas narrativas ganha um novo formato: a série audiovisual Revelando Histórias, disponível no canal do YouTube da CHS. Com sete episódios, a série amplia a experiência da exposição ao dar movimento aos sete personagens cujos relatos podem ser ouvidos na mostra. Cada episódio apresenta um dos protagonistas e sua conexão com Salvador, mostrando como a cidade se entrelaça com suas trajetórias de vida.

Personagens

Há quase quatro décadas, André Luiz da Rocha (55), morador do bairro Dois de Julho, doa o seu corpo e voz para dar vida à personagem Bagageryer Spielberg, ícone da cena transformista em Salvador. No episódio dedicado à sua história de vida, Bagageryer entra em cena para compartilhar nuances da sua trajetória artística, além de falar sobre coragem, adversidades e a beleza de ser quem se é nesta cidade. “Ela [Bagageryer] vem com muitas coisas positivas em torno dela. Primeiro, que eu falo do amor, da família, eu falo de Deus, de Nossa Senhora, dos Orixás e de Chico Xavier. Salvador é um berço para mim, cultural, de tantas personalidades, de tantos nomes”, enfatiza.

Ninfa Cunha (56), artista e ativista da acessibilidade, é uma pessoa com neuropatia congênita e relata os desafios e as alegrias que encontra ao circular por Salvador usando cadeira de rodas. Em seu episódio, a moradora do bairro da Pituba também ressalta sua paixão, desde a infância, pelo pôr do sol no Farol da Barra. “Acho que nasci no lugar certo porque tudo aqui me fascina. Salvador, como qualquer outra cidade, ainda não está preparada para pessoas com deficiência. Ainda temos diversos problemas na cidade”, pondera.

Para a família, ao fazer parte da mostra da CHS, Ninfa teve a sua história eternizada. “Minha família diz a todo mundo que eu sou imortal só porque minha foto está na Casa das Histórias. Eu adorei o projeto, achei fantástico e bacana a preocupação da Casa com acessibilidade”, celebra a ativista.

A série também apresenta a pequena Kinda Araújo, moradora do bairro da Boca do Rio, que, com apenas 10 anos, convida as pessoas a verem Salvador através dos olhos de uma criança curiosa e encantada com a diversidade da cidade. “Quando penso em Salvador, penso em pessoas negras, que tem muito, mas também tem outras culturas. Me sinto parte de Salvador porque eu nasci aqui e também sou parte de uma mistura de culturas que se formou e virou o povo brasileiro”.

Para completar o elenco, a série traz ainda Arivaldo Santana (56), presidente da Colônia de Pescadores de Itapuã; Vilma Monteiro (58), baiana de acarajé, mãe solo e moradora do bairro do Bonfim; Pablo Lemos (23), morador da Vila Rui Barbosa, curador do Acervo da Laje, designer e estudante de Direito; e Ana Cristina Rosário (50), professora e diretora de escola municipal, que vive no bairro de Plataforma.

A obra conta com direção de Marcelo Andrade, produção e roteiro de Alonso Clinton, e captação e edição da produtora Me Filme.

Sobre a Casa das Histórias de Salvador
A Casa das Histórias de Salvador (CHS), equipamento cultural da Prefeitura de Salvador, é o primeiro centro de interpretação do patrimônio no Brasil, que, através de reproduções, conteúdos digitais e/ou linguagens interativas e tecnológicas, estimula a reflexão sobre os patrimônios materiais e imateriais da cidade. A CHS é gerida pela Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI), por meio de acordo executivo de cooperação internacional.