Disque Direitos Humanos é ampliado para casos de homofobia

Genilson Coutinho,
20/02/2011 | 15h02

Em ato simbólico, realizado na Casa das Rosas, na avenida Paulista, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, lançou a ampliação dos atendimentos do serviço de Disque Direitos Humanos também para casos de homofobia. A partir de agora, quem discar o número 100 de qualquer lugar do país, disponível 24 horas, pode fazer denúncias sobre qualquer violência ou discriminação contra homossexuais, com garantia de sigilo de fonte. “O Brasil é contrário a todas as violações de direitos humanos e a favor da ampla garantia de cidadania. Vamos criar uma rede de contatos em parceria com estados e municípios, com o objetivo de obter dados mais reais de casos de homofobia no país e garantir que os culpados sejam investigados e punidos”.
Segundo Maria do Rosário, os agentes de Direitos Humanos que farão os atendimentos passaram por capacitações e saberão lidar com todos os tipos de denúncias. Durante o evento também foi lançado o selo “Faça do Brasil um território livre da homofobia”. O primeiro foi colado na própria avenida Paulista, como resposta às agressões contra homossexuais ocorridas no local e que tornaram o ponto, antes conhecido por sua tolerância da diversidade, uma referência da discriminação e violência contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transfexuais.
A senadora Marta Suplicy, defensora atuante dos direitos dos homossexuais, também participou do evento. Logo que assumiu sua cadeira no senado, Marta conseguiu 27 assinaturas para desarquivar o PLC 122, que torna a homofobia crime. “Enquanto a Argentina tem casamento gay, nós temos espancamentos na avenida Paulista. Os atentados que aconteceram aqui são vergonhosos. Os dados que temos sobre violência contra homossexuais não são concretos. O legislativo se acovardou. Agora só vamos conseguir aprovar esse projeto se tivermos apoio da sociedade”.
Tony Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, acredita que o Disque 100 será importantíssimo no combate à homofobia. “A homofobia não é um discurso. Ela existe e tem muita gente sendo agredida diariamente. Já conseguimos vários avanços em questões de políticas públicas. Realizamos a Conferência LGBT e traçamos um Plano. Nós só queremos direitos iguais, nem mais nem menos. Não queremos um mundo cor de rosa, mas sim arco-íris”.
O deputado federal Jean Wyllys, que representa o grupo LGBT na Câmara dos Deputados, também participou do evento. “A homofobia não está só arraigada na cultura, está em nós mesmos. Precisamos combatê-la. Contem comigo na Câmara”.
Julian Rodrigues, do grupo Corsa (Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor) de São Paulo acredita que tanto o Disque 100 quanto o selo são políticas públicas inéditas no Brasil. “O fato de a avenida Paulista ser escolhida o local do evento é muito simbólico. “Precisamos combater cada vez mais a violência contra homossexuais”.
Após o lançamento do Disque 100 também para casos de homofobia e da colocação do primeiro selo “Faça do Brasil um território livre da homofobia”, os participantes uniram-se a Marcha contra a Homofobia e pelo PLC, na própria avenida Paulista.
Dados
Os poucos dados existentes do Brasil sobre violência contra homossexuais são do Grupo Gay da Bahia. Segundo a entidade, de 1969 a 2010, ocorreram cerca de 494 homicídios LGBTs em São Paulo.
Uma pesquisa realizada nas escolas públicas brasileiras apontou que 87% da comunidade escolar – alunos, pais, professores ou servidores – têm algum grau de preconceito contra homossexuais. O dado faz parte de pesquisa divulgada em 2010 pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo e revela que a homofobia é um problema que estudantes e educadores homossexuais enfrentam no dia a dia.

Fonte:

Imprensa PT- SP

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