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Daniela Mercury: “Sou rainha gay, nordestina, mulher. Só não tive a sorte de ser negra”

Genilson Coutinho,
26/01/2017 | 10h01

Descrita como “rainha” por Caetano Veloso, no documentário Axé: canto do povo de um lugar, Daniela Mercury, uma das personagens do filme, não só aceita o título, como faz questão de ressaltar sua condição dentro da axé-music.

“Sou rainha gay, nordestina, mulher. Só não tive a sorte de ser negra. Ser precursora de um gênero é mais que um sonho. Precisava criar uma estética como artista”, diz ela, sobre o gênero musical que ajudou a difundir em todo o Brasil e no mundo.

É esse o tema do longa-metragem do baiano Chico Kertész, que acaba de entrar em circuito. Numa das passagens, Daniela relembra o dia em que quase pôs abaixo o Masp, em São Paulo, e lotou a Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro.

“Eu só pensava: quem vai fazer show aqui? Foi uma surpresa muito grande. Senti que todos me acolheram, e o axé sofreu preconceito tantas vezes. Com ele, fui para o mundo, cantei com Ray Charles, Paul McCartney. É divertido fazer confusão. Se não tiver um muro para vencer, é porque a gente não fez nada de diferente nem mudou o mundo. E meu canto sempre foi de empoderamento.”

Do Bruno Astuto