Unesco escolhe Rio para consulta sobre BullyinghoMOFÓBICO NAS ESCOLAS

Genilson Coutinho,
07/12/2011 | 12h12

 

Pela primeira vez no Brasil, a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, lançou a consulta internacional das Nações Unidas para lidar com o bullying contra alunos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) nas escolas e universidades. Na cerimônia de abertura, que aconteceu na manhã de hoje (6), no Hotel Golden Tulip, em Copacabana, a necessidade do combate a este tipo de violência norteou os discursos para representantes de 25 países, de todos os continentes.

Para Mark Richmond, diretor da Diversidade de Educação para a Paz da sede da UNESCO, “devemos trabalhar o bullying homofóbico nas escolas por que jovens em todo o mundo são afetados por essa violência, e isso infringe os direitos desses jovens a uma educação de qualidade. O bullying homofóbico influencia no desempenho dos alunos, bem como, aumenta a taxa de evasão escolar”.

O encontro tem a intenção de explorar a melhor maneira de apoiar alunos e professores LGBT, prevenir e combater ao bullying e a discriminação homofóbica e transfóbica nas escolas, e assegurar ambientes de aprendizagem LGBT seguro. Essa iniciativa avalia programas e políticas existentes em todo o mundo a fim de compartilhar as melhores práticas e construir estratégias para enfrentamento a homofobia nas escolas. 

O superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Cláudio Nascimento Silva, que na ocasião estava representando o governador Sérgio Cabral, destacou a importância do Rio sediar o evento  e colocou o Estado a disposição para implementar o projeto piloto com as recomendações indicadas pelo encontro, “É uma honra para o Rio sediar esse encontro e vamos implementar as recomendações desta consulta global da UNESCO na busca do combate ao bullying homofóbico”. Ele ainda ressaltou que o estado é pioneiro nessa temática e agora vai incluir os estudantes no combate à homofobia.

A partir de estudos de Discriminação em razão da Orientação Sexual e da Identidade de Gênero na Europa, do Conselho da Europa, como resultados do estigma e da discriminação na escola, jovens submetidos ao assédio homofóbico são mais propensos a abandonar os estudos. Também são mais predispostos a contemplar a automutilação, cometer suicídio e se engajar em atividades ou comportamentos que apresentam risco à saúde.

O diretor do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids (UNAIDS), Pedro Chequer, ressalta a necessidade de implantação dessa política nas escolas do Brasil, “a consulta sobre homofobia nas escolas, que se inicia hoje no Rio, representa o importante passo para a definição de conceitos, agenda e combate à homolesbotransfobia no ambiente escolar, feliz escolha ter sido o Rio de Janeiro o local desse encontro tendo em vista o papel que o Governo do Estado do Rio de Janeiro cumpre na implementação de ações contra a homofobia”.

Para a chefe de gabinete da Secretaria de Direitos Humanos, Ivanilda Dida Figueiredo, que no evento representou a ministra Maria do Rosário “os governos e a sociedade devem enfrentar a homofobia em todas as esferas, especialmente nas escolas, através de ações conjuntas e focadas.

A Coordenadora de Inclusão Educacional da Secretaria de Estado de Educação do Rio, afirmou que  “uma das prioridades da educação é fazer da escola um lugar de igualdade, respeitando as diferenças. Por isso, a importância da implementação de políticas públicas para a promoção de práticas educativas e metodologias pedagógicas de combate à homofobia em nossas unidades escolares”.

Já o representante da sociedade civil destacou que a consulta é uma oportunidade importantíssima para a troca de experiências e também levantaram alguns desafios: Com o recrudescimento da homofobia no Brasil, por meio do fundamentalismo religioso, é fundamental traçarmos estratégias internacionais para compartilhar experiências e ações para enfrentamento da homofobia no ambiente escolar, destacou Toni Reis, presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.

A consulta acontece até o dia 9 de dezembro. No dia 8, alguns espaços previamente selecionados serão visitados pelo grupo. Entre eles, pela Secretaria de Estado de Educação, o Colégio Estadual Julia Kubistchek, pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, o Centro de Referência da Cidadania LGBT da Capital e  Disque Cidadania LGBT, e pela sociedade civil, o Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT.