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Sede da Funceb ganha mural em homenagem ao Novembro das Artes Negras e à cultura baiana

Genilson Coutinho,
14/02/2023 | 21h02

O Solar das Rosas, sede da Fundação Cultural do Estado da Bahia desde agosto de 2022, localizado no Campo Grande, ganhou um novo mural pelas mãos do artista Eliezer Nobre e sua equipe. O mural iniciou sua montagem no dia de Iemanjá, 2 de fevereiro, mas sua preparação já marca três meses de montagem.
Eliezer Nobre é arquiteto e artista autodidata, trabalha com pintura, escultura e principalmente mosaico. Natural de Fortaleza, mas radicado em Salvador, o artista plástico possui trabalhos nacionais e internacionais com diversas obras que moldam a paisagem urbana da capital baiana, como o Edifício Torre Barcelona, e agora molda o caminho de quem passa pela lateral do casarão, na rua Araújo Pinho, Canela.

Quando perguntado sobre a nova experiência, o artista abordou o olhar dos que passaram pela montagem.

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“É uma experiência que com certeza gera uma intimidade com a comunidade. Então está sendo gratificante o momento que a gente está instalando. Nós já fomos abordados por uma grande diversidade de pessoas, das mais simples, com aquele olhar mais singelo, mais puro, àqueles um pouco mais informados, que têm o certo conhecimento. Vários olhares de gratidão, de reconhecimento e de aproximação com a instituição. Tiveram alguns que falaram ‘é realmente para um espaço de cunho cultural, né?’ O mural traz essa bagagem cultural, tem tudo a ver, um presente. Pra mim está sendo muito positivo, muito bom.”

Salvador é um grande espaço para o Mosaico, sendo marcado por nomes como Carybé e Bel Borba, agora ganha espaço o artista Eliezer, que também busca impactar no imaginário urbano e realizar trabalhos com transformações sociais. As imagens escolhidas para representar partiram de várias ideias em conjunto, com o propósito de representar o Novembro das Artes Negras da Funceb e a cultura local, a exemplo do retrato de Maria Felipa de Oliveira, heroína da independência da Bahia, como conta o artista.

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“As imagens partiram de uma abordagem múltipla.Faz referência inicialmente à semana da cultura negra, então a gente partiu de alguns ícones que referenciam, como o indígena, o vaqueiro, o pescador, representando o nome do nordeste, ou seja, a gente tem as bases que deram origem a toda a nossa civilização mais moderna. O veleiro, como um ícone de navegação, que no início nutria todas as comunidades, era como se fosse os ambulantes no contexto atual. A sereia, como um ícone de fé. Foi um processo que não partiu apenas de mim, muito pelo contrário, eu fui absorvendo e tentando costurar e alinhar as ideias e sugestões. O sol, central, a carranca do rio São Francisco que afasta os maus espíritos. Assim nós percebemos a todo momento uma força motriz, que é a cultura, que é o povo que faz referência a nossa identidade, a nossa ancestralidade. Então foi assim que nasceu.”

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Instalação do Mural (Foto: Anne Hanielly)

O artista também explicou como funciona o método de instalação e o conjunto de pessoas necessárias que vêm trabalhando há três meses. “Nós já estávamos trabalhando há cerca de meses. Para instalação, somos em média quatro pessoas, mas ao todo, foram oito trabalhadores se alternando por causa dos dias de  sol e de outros trabalhos também.”

Novembro das Artes Negras
O Mural de Eliezer integrou a 5 edição do Novembro das Artes Negras da Funceb, que em 2022 teve o tema “Tempo: Trajetórias e Memórias das Artes”. O evento marcou a abertura da nova sede administrativa da instituição, no Solar das Rosas (Rua Baronesa de Sauípe, 382, Canela).

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Fotos: Lucas Malkut