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“Prefiro que eles venham se confessar”, Papa rejeita marginalizar gays em novo livro-entrevista

Genilson Coutinho,
11/01/2016 | 13h01

Para Francisco condena firmemente a corrupção, porque diz que não é apenas um pecado, e rejeita que os homossexuais sejam marginalizados pela Igreja Católica no primeiro livro-entrevista sobre o pontífice que terá lançamento mundial na próxima terça-feira, dia 12.

Com o título “O nome de Deus é Misericórdia” e escrito pelo italiano Andrea Tornielli, a obra será publicada em mais de 80 países, inclusive no Brasil (Editora Planeta), embora hoje os meios de comunicação italianos já tenham divulgado alguns extratos.

Com relação à corrupção, Francisco critica com firmeza, como já fez em reiteradas ocasiões ao longo de seu pontificado, às pessoas que cometem este crime.

“O corrupto não conhece a humildade, não sente necessidade de ajuda, leva uma vida dupla”, expõe.

Segundo Francisco, “o corrupto é quem peca, não se arrepende e finge ser cristão; quem lamenta a pouca segurança nas ruas, mas depois engana o Estado evadindo impostos”.

Em relação aos homossexuais, ele afirma que não devem ser marginalizados e lembra suas famosas palavras pronunciadas no voo de volta da JMJ, no Rio de Janeiro, a Roma em 2013 quando disse: “Quem sou eu para julgar? Prefiro que as pessoas homossexuais venham se confessar, que fiquem próximas do Senhor, que possamos rezar juntos”.

O papa ressalta que uma pessoa não é definida apenas por sua tendência sexual.

“Não esqueçamos que somos todos criaturas amadas por Deus, destinatárias de seu infinito amor”, prossegue.

No livro, Francisco também reflete ainda sobre a situação dos divorciados que voltam a se casar, os processos de nulidade matrimonial e sobre os condenados pela Justiça.

Para falar dos divorciados que tentam um segundo casamento, um dos assuntos mais controversos da Igreja Católica, o papa dá como exemplo o caso de uma familiar.

“Tenho uma sobrinha que se casou no civil com um homem antes que ele pudesse obter a nulidade matrimonial. Queriam se casar, se amavam, queriam ter filhos, de fato tiveram três”, relata ele.

Francisco também aborda os processos de nulidade matrimonial para criticar os trâmites longos e caros, e lembrar a reforma anunciada em setembro e graças à qual agora serão mais ágeis, simples e econômicos.

Nas conversas com Tornielli, Francisco também fala sobre sua juventude e episódios relacionados à sua experiência como padre para explicar as razões que lhe levaram a anunciar este Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que começou em 8 de dezembro e segue até 20 novembro.

“A misericórdia de Deus é uma grande luz de amor, de ternura, porque Deus perdoa não com um decreto, mas com uma carícia”, sustenta.

Em sua opinião, a misericórdia é um valor primordial para os católicos, pois todos necessitam “da misericórdia de Deus”, incluindo o próprio papa.

“Cada vez que cruzo a porta de uma penitenciária para uma visita me vem sempre à cabeça um pensamento: ‘Por que eles e não eu?’. Não me sinto melhor do que eles, suas quedas poderiam ter sido as minhas. Quantos de nós não mereceríamos uma condenação? E seria justa. Mas Deus perdoa. Como? Com misericórdia”, sustenta.