Notícias

“Parei de fazer show na noite, em boates gay, porque a estrela virou o DJ”, diz Nany People

Genilson Coutinho,
02/12/2015 | 10h12

“Parei de fazer show na noite, em boates gay, porque a estrela virou o DJ”, diz Nany People (Foto: Thiago Duran/AgNews)

O barulho de abertura dos leques de Nany People é inconfundível. Mas, nos últimos três anos, estava bem longe das fechações das boates gay. A espera está acabando. Na madrugada desse sábado (5), Nany retornará aos palcos de uma boate gay e vai botar o leque para balançar no Tropical Clube (Campo Grande), em Salvador.

O afastamento dos palcos que lhe trouxeram visibilidade nos anos 90 está, segundo ela explica, está relacionado com a mudança do perfil das baladas.

“Parei de fazer show na noite, em boates gay, porque a estrela virou o DJ. Além disso, o perfil da noite mudou muito. Hoje tem muita droga e o muita gente que vai para as baladas não tem paciência para ver shows de artistas transformistas”, afirmou Nany em conversa com o CORREIO.

Para seu reencontro com as baladas em boates gay, Nany prepara um show de 40 minutos que reunirá bom humor e dublagens de canções de grandes divas das  música. “O palco dá respeito e vira uma embaixada. Aceitei fazer esse show em Salvador porque a boate tem um espaço que respeita a arte e valoriza com um espaço próprio e permanente a arte drag/transformista/de atrizes”, ressaltou Nany, referindo-se ao Teatro Carmen Miranda, que fica no andar superior da boate.

Além da apresentação dela, a noite terá a participação de DJs Edy Ferraz e Jonh Almeida. “Só não vai ter bate-cabelo porque a titia aqui está velha”, brinca Nany ao se referir ao estilo mais eletrônico das apresentações em baladas.

O humor é sua marca registrada com direito a piadas de duplos – ou mesmo únicos – sentidos em suas apresentações de stand up comedy.  “Qualquer discurso para ser pertinente precisa ser bem humorado”, relativiza a atriz.

Em julho desse ano, para comemorar seus 50 anos de vida, lançou o livro “Ser Mulher Não é Para Qualquer Um”. A biografia, escrita por Flávio Queiroz, em apenas três semanas vendeu 6 mil exemplares. No livro, dentre outras coisas, a atriz explica sobre a transexualidade.

“A trasexualidade na minha vida sempre foi latente desde pequena. Mas, nunca coloquei minha condição de transexual para fazer show em boate gay”, afirma Nany, que assumiu sua identidade de gênero enquanto mulher transexual aos 37 anos. O livro, inclusive, começou a ser roteirizado para o cinema, mas não tem data prevista de lançamento.

Nany nasceu em Machado, Minas Gerais, mas foi criada em Poços de Caldas, onde iniciou sua carreira teatral. Como atriz, participou de diversos espetáculos teatrais dentre eles  “Nany People Salvou Meu Casamento” e “TsuNany”. Ela já contracenou com grandes nomes do humor e dramaturgia como Tom Cavalcanti.

Do Correio 24h