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Homem trans é agredido ao usar banheiro masculino: “Virei estatística”

Genilson Coutinho,
20/01/2015 | 13h01

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O banheiro voltou a ser um dilema de preconceito na vida das pessoas trans. Desta vez, envolvendo Bernardo Gonçalves, um homem trans de 21 anos, que foi proibido e agredido ao tentar usar o banheiro masculino de um clube de São Carlos, interior de São Paulo.

Segundo relato do jovem, ele foi agredido na madrugada de sábado (17), na Seven Pub ao tentar entrar no banheiro masculino. O agressor alegava que ele não poderia estar lá porque não teria um pênis.

Durante a confusão, o rapaz tentou impedir a entrada de Bernardo e até rasgou a sua blusa, deixando que o peitoral com binder (acessório em que homens trans disfarçam os intrusos/peito) à mostra. Bernardo conseguiu escapar e usar o banheiro.

“Ao procurar o segurança do bar, fui humilhando publicamente. Ele me disse que eu não deveria usar o banheiro masculino porque sou mulher e tenho ‘boceta’. E disse que o estabelecimento não é obrigado a aturar esse tipo de ‘sem-vergonhice'”, declarou Bernardo.

Ele afirma que a esposa do transfóbico que o agrediu também o abordou e apontou o dedo em sua cara. “Ela disse que eu deveria aceitar que nasci com boceta. E que o marido fez bem em me bater porque ‘onde já se viu ir ao banheiro para mijar e encontrar boceta?'”.

O jovem afirma que chorou em casa e que deixou a camiseta rasgada na parede, como lembrete de que não existe conquista sem luta.”Estou expondo porque essa luta não é só minha. Porque é a minha realidade e a de milhares de pessoas iguais à mim. Hoje foi a minha vez de virar estatística”. Ao conversar com o A CAPA,

Bernardo afirmou que irá levar o caso para o conhecimento da Defensoria Pública por meio da Divisão de Políticas para a Diversidade Sexual. Ele quer propor uma capacitação para funcionários do bar e a solicitação de banheiros sem diferenciação por gênero, uma vez que o bar é justamente frequentado por muitos.

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