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Teatro

Espetáculo ‘O Outro lado de todas as Coisas’ é apresentado no Sesc Senac Pelourinho

Genilson Coutinho,
24/08/2016 | 12h08

Espetáculo O outro lado de todas as coisas (Foto: Leto Carvalho / Divulgação)

A nova estreia da ATeliê voadOR Companhia de Teatro é uma homenagem aos 20 anos da morte de Caio F., como assinava o autor gaúcho. O outro lado de todas as coisas, uma autoficção com dramaturgia de Djalma Thürler, e atuação de Duda Woyda, que ocupará o Teatro Sesc Senac Pelourinho, entre os dias 01 e 30 de setembro, sempre as quintas e sextas-feiras. Essa é a segunda peça do “Projeto Solos Voadores”, que estreou em 2015, com “Três Cigarros & A Última Lasanha”, de Rafael Medrado.

As impressões do amor extraídas da obra de Caio F. são, sem dúvida, as maiores razões dessa montagem, “a sua visão do amor é sempre intensa, sem redes de segurança e esse universo paradoxal, ao mesmo tempo, me fascinava e me apavorava. A peça fala sobre isso, não adianta bancar o distante, lá vem o amor nos dilacerar de novo”, descreve Thürler.

O outro lado de todas as coisas é uma “dramaturgia de segunda mão”, como define o autor, porque surge de um encontro, de uma conjugação de ideias e coisas, gestos, sons, cores, movimentos outros: Foucault, Caio F. e Thürler. Na peça, a plateia poderá ainda conhecer um pouco mais do próprio ator Duda Woyda que, em 2016, completa 15 anos de carreira, dos quais 10 dedicados à Companhia.

A peça é resultado do Edital de Apoio a Grupos e Coletivos Culturais da Fundação Cultural do Estado da Bahia de 2014.

Convergência

A montagem marca a estreia dos voadores Rafael Medrado e Marcus Lobo na direção de espetáculos da Companhia. Marcus Lobo pontua que é muito gratificante trabalhar com os companheiros Duda e Rafael, e que “existe uma escuta atenta e uma cumplicidade generosa em nossa parceria”.

“Esse trabalho exigiu muita entrega e pessoalidade. O texto escrito por Djalma Thürler tem essa característica de emaranhar as histórias de Duda W. e de Caio F., tornando-as uma única narrativa sensível e pessoal”, explica Marcus Lobo, que integra a companhia desde 2010 e é aluno de direção teatral da Escola de Teatro da UFBA.

Lobo conta que a Companhia inaugura um momento de novas experimentações. “A proposta dos ‘Solos Voadores’ é investir em uma nova configuração criativa, dessa forma a Cia consegue trabalhar simultaneamente em duas montagens, mantendo a mesma equipe de criadores, mesma linha de pesquisa, mesma estética, dois produtos finais, isso é um pouco do Projeto C.”, descreve.

Para Rafael Medrado, o espetáculo converge as premissas artísticas mais emergentes da Companhia quando une, numa harmoniosa simbiose criativa, os devires cênicos e os devires do homem contemporâneo diante de uma das mais antigas questões do homem, o amor.

Com uma cenografia minimalista, o espetáculo conta com a direção de arte de José Dias, cenógrafo renomado na história do teatro brasileiro e professor da UFRJ e Uni-Rio.

Caio F.

Conhecido pela sua literatura urbana repleta de realismo psicológico, catártica e confessional, Caio F. pautou em seus textos os sentimentos humanos da forma mais latente, inquieta e intensa e iniciou, através da Literatura, muitos de seus leitores, no paradoxo universo do amor.

De acordo com Thürler, “quando tratamos da Literatura de Caio, não tratamos de uma escrita amena, de leitura prazerosa, como nos velhos romances de finais felizes, trata-se de escrita inquieta, que fere e seduz, é violenta, cortante. Suas personagens transitam na margem do obscuro, do vazio, sua escrita não revela, antes questiona e intriga, dói porque deve doer”, reforça.

Projeto C

O outro lado de todas as coisas faz parte também do “Projeto C”, que ficará em cartaz no Teatro Sesc Senac Pelourinho nos meses de setembro e outubro, ocupando as pautas do horário para crianças – com o espetáculo A Mulher que Matou Peixes, solo com a atriz e cantora Maira Lins – e do horário adulto com O outro lado de todas as coisas, solo de Duda Woyda.

“O ponto de partida, o que une os dois autores em torno do “Projeto C” é a compreensão de que escrever é, quase sempre, uma maldição que salva”, explica Djalma Thürler.

Serviço

O quê: O Outro Lado de Todas as Coisas

Quando: de 01 a 30 de setembro, quintas e sextas-feiras, às 20h.

Onde: Teatro Sesc Senac Pelourinho

Entrada: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Ficha Técnica

O outro lado de todas as coisas

Dramaturgia e Supervisão Geral: Djalma Thürler

Direção: Marcus Lobo e Rafael Medrado

Direção de Arte: José Dias

Iluminação: Marcus Lobo

Elenco: Duda Woyda

 

Direção Musical: Roberta Dantas

Produção: ATeliê voadOR Companhia de Teatro