Dudu de Oliveira entra em ‘Chuva Negra’ na pele de um personagem gay e soropostivo
Tudo novo de novo. Esta é a sensação de Dudu de Oliveira, que volta à cena com a estreia da série “Chuva Negra”, do Canal Brasil / Globoplay, a partir de 24 de março. Embora não seja a primeira inserção profissional do ator no streaming, estar em cena como Orlando, um professor de Educação Física gay e soropositivo, proporciona um somatório de características nunca experimentadas pelo ator em um personagem. Na trama, que preza pela diversidade, Orlando que tem uma relação com o policial civil Rocha (Kiko Pissolato) e, juntos, cogitam adotar uma criança. Recentemente, Dudu pôde ser visto em tramas bem distintas, como “Reis”, na Record TV, no papel de um anjo bíblico e no filme “Abestalhados 2”, como um ator que dá vida a um super-herói.
“O Orlando é muito corajoso, correto e justo nos seus questionamentos. Não é fácil ser um homem preto, gay e soropositivo, e esse cara tem uma beleza que me interessa, e que me permitiu entregar o meu melhor para viver em cena essa experiência. Esse projeto vai abordar muitas facetas desses tipos de estruturas, mostrando que os conflitos nas relações são experiências inerentes à condição humana. Se não fossem os preconceitos que a nossa sociedade propaga teríamos mais famílias com esses formatos. Foram camadas profundas que precisei investigar em mim para doar para o personagem, uma imersão para tornar ele crível e real para o espectador”, adianta Dudu sobre seu personagem.
Na trama roteirizada e dirigida por Rafael Primot, Dudu de Oliveira tem a oportunidade de unir representatividade e diversidade num só personagem. “Em muitos pontos me identifico, principalmente na militância de Orlando em relação aos preconceitos. Sou um cara que luta pelas injustiças, sou justo, correto, carinhoso e também tenho desejo de ter uma família um dia. Assim como Orlando, também estou buscando a minha felicidade individual e coletiva e é nisso que me conecto com essa personagem. É humano lidar com nossa luz e com a nossa sombra”, reflete o ator de 37 anos.
Embora tenha tido pouco tempo na preparação para o personagem, Dudu se esmerou e foi em busca de compor um tipo que em nada refletisse estereótipos arraigados na sociedade. “Como tínhamos pouco tempo, busquei um preparador, que me ajudou a encontrar a personalidade do meu personagem. Quis fazer esse trabalho específico e individual para me deixar seguro em cena. Quando a gente conhece o objetivo do personagem dentro da história fica mais fácil para doar aquilo que é necessário para as relações”, acredita Dudu.
Dentre suas vivências cênicas na série, Dudu destaca as de sexo com Kiko Pissolato e as que contracenou com Lucas (João Simões). “E não foi pelo fato de ser sexo com outro homem, não. O nosso maior medo era que essas cenas ficassem estereotipadas. Quis apresentar um homem para além dos clichês e mostrar uma relação entre duas pessoas que se amam. Conversamos bastante entre nós e levamos esse apontamento para o Rafa, nosso diretor, e ele também tinha um outro olhar para esses personagens. A ideia era quebrar com esse padrão viciado ao mostrar as relações homoafetivas. Vai ser bonito assistir essa história de amor”, promete.
Estar em cena com João Simões para Dudu foi algo leve e divertido. “O João traz uma pureza no olhar, uma doçura, e eu precisava lembrar de não só me encantar, mas estar atento e com a escuta ativa para jogar com ele. Foi a primeira vez que contracenei com um ator Down, uma experiência mágica para minha trajetória”, avalia. “Essa série me ensinou que existem vários tipos de famílias com configurações diferentes das nucleares que estamos acostumados. Levo comigo o desejo de ver uma sociedade com um olhar mais generoso, justo e plural. Por levantar esses assuntos e provocar essas reflexões acredito que ‘Chuva Negra’, vai ser uma série que tocará muita gente”, finaliza.
Trajetória
O ator nasceu em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, no dia 30 de agosto de 1985. O início no teatro foi quase por acaso, por causa da emoção que sentiu ao ouvir um amigo formado em Artes Cênicas falando do amor à profissão. Então, começou a estudar teatro ao mesmo tempo em que fazia estágio em Administração. A primeira experiência como ator – apresentando esquetes num shopping de Caxias – provocou tanto encantamento e felicidade que Dudu, mesmo se formando em Administração, resolveu seguir como ator.
Dudu mudou-se para São Paulo e lá fez muita publicidade, que o projetou com sucesso. Participou de oito peças de teatro, como “O canal”, texto de Gary Richards dirigido por Mario Bortolotto. Mas foi sua atuação na peça “Em legítima defesa” – com direção de Eugênio Lima – que o forneceu a passagem sem volta para peças com temáticas negras.
Dentre seus trabalhos mais recentes estão a série “Reis”, da Record TV, e a comédia de ação “Abestalhados 2”. Antes disso, o sucesso como Abumani na novela “Gênesis”, também na Record TV, garantiu ao ator o convite para viver o anjo mensageiro do Rei Davi. Dudu de Oliveira teve outras experiências no audiovisual, como as séries “3%” (Netflix); “Homens” (Amazon Prime); “Carcereiros” e “Sexo e as negas” (TV Globo); “Chamado central” (MultiShow); “Tempero secreto” (GNT); “Quero ter um milhão de amigos” (Warner Channel).