Música

Céu abre projeto Mais Música Brasil

Genilson Coutinho,
18/07/2016 | 10h07

A Maré Produções Culturais lança seu mais novo projeto Mais Música Brasil, voltado a realizar shows de lançamentos de álbuns de artistas de destaque na música contemporânea brasileira. A abertura da iniciativa ficará por conta do aguardado Tropix, álbum sucesso de público e crítica da cantora Céu, no dia 23 de julho, às 21h, na Praça Tereza Batista (Pelourinho). Os ingressos estarão à venda pelo site Sympla .

É a segunda vez que a Maré Produções Culturais, dirigida por Fernanda Bezerra, traz a cantora paulistana para Salvador. Em 2015, a artista participou do Festival Sangue Novo e um ano depois, o público soteropolitano poderá conhecer ao vivo o novo trabalho, um disco sintético, noturno, reluzente, considerado uma reinvenção da carreira da cantora. “A expectativa é antecipar a vinda de shows aguardados pelo público baiano, apresentando álbuns recentemente lançados nacionalmente. De forma independente, estamos realizando o único concerto de Céu, que aceitou integrar o projeto” explica Fernanda, idealizadora do projeto.

 Tropix é um mergulho num universo de texturas artificiais que atravessa diferentes experimentos sônicos da segunda metade do século passado: o trip hop dos anos 90, a discoteca do final dos anos 70, o R&B dos anos 80, o casamento do hip hop com a música eletrônica. No entanto, não é uma viagem no tempo. O novo disco de Céu é um olhar do século 21 e traça uma genealogia pessoal de um mundo musical específico, um processo semelhante à viagem jamaicana feita em seu disco-irmão Vagarosa. Naquele álbum de estreia, havia uma aproximação com os cânones do reggae e sua conexão com o sotaque brasileiro da musicalidade de Céu, estabelecendo um sentido sentimental lógico, devido à conexão entre as tradições musicais dos dois países.

Para a artista, Tropix representa um salto num escuro que Céu sequer havia flertado anteriormente. E em vez de cercar-se diferentes músicos e produtores para lhe auxiliar nessa jornada, ela preferiu liderar trabalhar com a banda enxuta como a que vinha excursionando após o lançamento de seu DVD ao vivo, em 2014, com apenas três músicos. A cozinha deste grupo era a mesma que a acompanhou neste período, com Pupilo, o maestro do ritmo da Nação Zumbi, e o seu fiel escudeiro, o baixista Lucas Martins. Mas em vez da guitarra, Céu queria um power trio com teclado – e chamou o francês Hervé Salters, com quem já haviam tocado em outras oportunidades, para assumir esse papel.

A cantora e compositora se estabeleceu como uma das principais vozes da atual música brasileira ao quebrar uma série de paradigmas relacionados ao papel da mulher neste cenário. Ela não é a musa inspiradora, nem intérprete à mercê de produtores e compositores nem sequer uma cantora cuja escola foi a bossa nova. Ela mesma compõe suas músicas, ela mesma escolhe seus rumos musicais e as fronteiras por onde pode desbravar e sua formação musical vai do jazz ao hip hop, passando pelo samba, reggae, música caribenha, africana e nordestina.

E a cada novo disco ela ampliava o território de abrangência. No homônimo disco de estreia, cozinhou suas influências musicais num peculiar e suave caldo sonoro, temperado principalmente com samba, reggae e música africana. No disco seguinte, Vagarosa, fez a nuvem da influência jamaicana dominar o ambiente e assim aumentar sua área de atuação. No cinematográfico Caravana Sereia Bloom – uma espécie de “road movie” de som -, fez os horizontes da estrada ampliarem ainda mais seus domínios sonoros. Mas por mais que sejam universos diferentes – e concêntricos -, os três primeiros discos têm um calor sonoro que se mistura com uma textura musical de leve aspereza, que alinha o sussurro aos estalos do vinil e amplificadores valvulados.

Daí a ousadia de Tropix. Nele Céu despede-se por completo daquela estética que funcionou como porto seguro em seus primeiros passos como artista. Ao fechar esse ciclo com o lançamento do DVD ao vivo, ela viu-se pronta para explorar os universos musicais que quisesse. E escolheu a noite néon, dos beats e timbres eletrônicos antigos, da pista de dança e do pulsar de ciclos repetitivos do harpeggiator (sintetizador marcante dos anos 80).

Serviço

Mais Música Brasil, com o show Tropix, Céu

Dia 23 de julho, às 21h

Praça Tereza Batista

Ingressos: R$60,00 (inteira) (cota de meias já foi esgotada)

Disponíveis pelo site: Sympla (http://www.sympla.com.br).