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Brasil e Holanda trocam experiências sobre ações de saúde para populações-chave

Genilson Coutinho,
09/07/2015 | 10h07

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A cidade de Amsterdam, também conhecida com a capital mundial das bicicletas, é referência em programas de redução de danos à saúde para pessoas que usam drogas, ações de prevenção, testagem e tratamento em IST e HIV voltadas para profissionais do sexo, e novas estratégias para a promoção da saúde sexual entre homens que fazem sexo com homens.

De 3 a 6 de julho, representantes do movimento social brasileiro estão em Amsterdam para conhecer casos de sucesso e novas experiências nessas áreas.

Participam da delegação brasileira as associações ABORDA (Associação Brasileira de Redução de Danos), ArtGay (Associação Brasileira de Gays), ALGBT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) e a APROS-PB (Associação das Prostitutas da Paraíba), além do Diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita.

O grupo viajou a convite do governo holandês, representado por Marcel de Kort, Assessor Sênior da Divisão de Saúde e Aids do Ministério das Relações Exteriores da Holanda, e gestores, técnicos e pesquisadores do Serviço Municipal de Saúde de Amsterdam (GGD).

A agenda inclui apresentações temáticas seguidas de debate e visita aos diferentes setores e programas.

O chefe da Clínica de IST, Arjan Hogewoning, apresentou a política de prevenção para profissionais do sexo no Red Light District, bairro da cidade conhecido pela prática legal do comércio do sexo. “Não toleramos violência, nem desrespeito às e aos profissionais do sexo. Prezamos a dignidade e a saúde de todos”.

O pesquisador de novas mídias em saúde, Udi Davidovich, apresentou o caso da abordagem de jovens na internet para promover o uso do preservativo. O projeto vem sendo realizado há três anos, baseado em entrevistas em profundidade, sistematização de padrões de resposta e níveis de informação, além do desenvolvimento de plataformas interativas. “Uma das interações online”, explicou ele, “orienta sobre como lidar com as desculpas para não usar camisinha. O ‘não uso porque te amo’ é uma das desculpas mais frequentes”.

Maria Prins demonstrou como se articula a política de redução de danos e prevenção e tratamento das IST em pessoas que usam drogas, situando como vem sendo compreendida a política de drogas ao longo de décadas. A relação entre política de drogas e saúde mental, por sua vez, foi o tema do encontro com o psiquiatra Wilco Tuinebreijer.

Entre as experiências mostradas, destaca-se o tratamento assistido de metadona, que inclui o atendimento em unidade móvel, e o acompanhamento de usuários de heroína, por meio de um esquema de dosagens da própria heroína sob medida e um detalhado acompanhamento individual. O Dr. Jonathan Bouman, que conduziu a visita ao projeto, é um dos coordenadores.

AGENDA – Nesta segunda-feira (06/07), acontece a apresentação da organização holandesa Aids Fonds sobre o panorama de HIV e aids nos Países Baixos. Na pauta está ainda a atuação da polícia junto às populações-chave. Também serão discutidos aspectos diversos sobre a cooperação internacional em saúde entre os dois países.

Estão previstas uma reunião entre organizações de serviços comunitários e de redução de danos com os representantes do Brasil e três visitas de campo: ao Centro para Profissionais do Sexo, às salas destinadas ao consumo assistido de drogas e ao projeto realizado pela Secretaria de Saúde no Red Light District. A avaliação da missão será realizada com Lambert Grijns, Embaixador Especial para Direitos Sexuais e Reprodutivos e Aids da Holanda.

A expectativa é de que o Brasil receba em breve uma delegação holandesa com o mesmo propósito técnico.