Unaids saúda consenso sobre acordo pandêmico entre estados-membros da OMS e defende equidade e direitos humanos

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) reagiu positivamente ao consenso alcançado nesta terça-feira (16) pelos Estados-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) em torno do Acordo sobre a Pandemia. Após anos de negociações conduzidas pelo Órgão de Negociação Intergovernamental (OINB), o entendimento marca um passo significativo na construção de um novo marco global para a preparação, prevenção e resposta a futuras pandemias.
As discussões sobre o Acordo começaram em 2021, impulsionadas pelas duras lições deixadas pelas pandemias de Covid-19 e aids. Desde então, o Unaids e outras organizações da sociedade civil têm atuado ativamente para garantir que o novo instrumento internacional coloque a equidade e os direitos humanos no centro das ações globais em saúde.
Em comunicado, a diretora executiva do Unaids, Winnie Byanyima, destacou a importância do avanço. “Durante a Covid-19, assistimos horrorizados ao fracasso do mundo em aprender as lições da aids, uma pandemia contra a qual lutamos há décadas. O consenso alcançado hoje é um primeiro passo crucial para garantir que o mundo nunca mais cometa os mesmos erros – e a prova de que, em tempos de instabilidade, a cooperação global pode trazer resultados positivos para a humanidade”, afirmou.
Byanyima ressaltou ainda que o acordo destaca princípios como o engajamento comunitário e a atuação intersetorial como essenciais para lidar com futuras crises sanitárias. No entanto, chamou atenção para lacunas importantes, especialmente em relação à transferência de tecnologias de saúde. “Embora o acordo apoie o acesso equitativo a vacinas, testes e medicamentos que salvam vidas, ele fica aquém do que os países em desenvolvimento reivindicaram”, observou.
A diretora do Unaids alertou que o Acordo Pandêmico, por si só, não é uma solução completa. Para que produza efeitos reais, será necessário que os países adotem medidas concretas e estabeleçam cronogramas claros para garantir que inovações científicas estejam ao alcance de todos.
“A adoção e implementação desse texto – com fidelidade tanto ao seu espírito quanto à sua letra – poderá lançar as bases para um sistema de saúde global mais justo, seguro e resiliente. Assim, quando a próxima ameaça pandêmica surgir, estaremos mais bem preparados para enfrentá-la com solidariedade e equidade”, concluiu.