Vereador do PSOL é afastado por 60 dias pelo partido em Niterói após episódio de homofobia

Genilson Coutinho,
02/08/2021 | 13h08
Vereadora Verônica Lima, do PT, registrou ocorrência contra parlamentar do PSOL por injúria e constrangimento ilegal — Foto: Divulgação

O diretório municipal do PSOL em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, afastou o vereador Paulo Eduardo Gomes da Câmara do município após um episódio de homofobia, no mês passado, durante sessão da Câmara. O afastamento tem duração de 60 dias.

Segundo o partido, ele vai passar por formações internas sobre racismo, lgbtfobia e machismo. Enquanto ele estiver afastado, Regina Bienestein assume o seu lugar na Câmara.

A professora de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) tem 77 anos. Na eleição do ano passado, conseguiu 2.053 votos e ficou como suplente. Sua principal pauta política é ligada ao direito à moradia.

Nesta segunda-feira (2), com o fim do recesso e a volta das atividades na Câmara de Niterói, Regina já passou a ocupar a cadeira.

O caso aconteceu no dia 7 de julho. O vereador, segundo ela, teria dito: “Quer ser homem? Então vou te tratar como homem”. A parlamentar afirma ainda que ele precisou ser contido por colegas da Casa Legislativa.

“Ele começou a falar alto, cada vez mais alto. Pedi que falasse baixo, três vezes. Na quarta, levantei a voz. Aí ele se levantou e me perguntou: ‘Você quer ser homem?’ Eu disse: ‘Não, não quero ser homem, me respeita.’ [Ele falou] ‘Se você quer ser homem, vou te tratar como homem’. Ele partiu para cima de mim e precisou ser contido”, relatou ao G1.

No mesmo dia, o vereador Paulo Eduardo Gomes pediu desculpas.

“Na exaltação de uma discussão, eu cometi um ato absolutamente machista e absolutamente agressivo à vereadora Verônica. No ato que isso aconteceu, a vereadora Benny, representando a bancada do PSOL, falando em meu nome, em nome do vereador Túlio, pediu desculpas. No que eu referendei e pedi desculpas também. É evidente que é imperdoável e não se justifica pra quem há 40 anos, há 40 anos, milita na defesa de todos os direitos humanos. Eu devo aos meus companheiros, ao presidente da Casa e ao conjunto dos vereadores as desculpas públicas que eu precisava dar”, afirmou.

A Câmara de Niterói afirmou que o caso será encaminhado à Comissão de Ética da casa. Verônica disse que ainda sente muito o que aconteceu.

“De fato, essa dor permanece e é muito difícil porque não é fácil para alguém que foi democraticamente eleita pelo povo ser vítima de um ato de violência política de gênero como a gente classifica o que eu vivenciei.”