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‘Utilizei a arte como válvula de escape após diagnóstico positivo para o HIV’, diz Hellena Malditta, participante do Drag Race Brasil

Carlos Leal,
25/10/2023 | 12h10
Foto: Reprodução instagram

Hellena Malditta, única representante nordestina da versão brasileira do reality show global RuPaul’s Drag Race, é baiana. Tendo iniciado sua carreira como drag queen em 2017, Hellena conta que entrou na competição para ganhar, mas jogando limpo. Ativista da causa LGBTQIAPN+, cabelereira e graduada em Design de Moda, ela já ganhou outro importante título: o de  Miss Beleza Gay 2021 e considera sua participação na 1ª temporada do reality show de RuPaul  um grande desafio. A talentosa drag queen conversou com o Dois Terços e contou um pouco da sua trajetória, além das expectativas para o programa. Confiram.

DOIS TERÇOS:  Hellena, para começar, queria satisfazer uma curiosidade que não é só minha, mas do nosso público: porque esse nome artístico?

HELLENA MALDITA: O nome Hellena Malditta é em referência a música Geni e o Zepelim, de Chico Buarque de Holanda, descrevendo pessoas que são postas à margem da sociedade por características próprias e vistas como malditas.

Foto: Reprodução instagarm

DT: E partindo para a arte que tem te levado por grandes caminhos, como começou sua carreira de Drag Queen?

HM: Não foi por acaso: utilizei a arte como válvula de escape após o diagnóstico positivo para HIV.

DT: Você é a única representante baiana e   nordestina no Drag Race Brasil, ou seja, tem dendê nesse concurso. Como é para você fazer parte dessa competição?

HM: Pra mim é de grande importância e responsabilidade representar um povo com uma cultura tão rica quanto a nossa. É verdade, tem dendê e borogodó garantido dentro e fora da competição.

DT: Sabemos que em qualquer Reality tem pessoas que usam de todos os artifícios para aparecer, conquistar o público e vencer a disputa. O que podemos esperar de Hellena Malditta no Drag Race Brasil?

HM: Versatilidade, proximidade com o público e passarelas icônicas. Participar do RuPaul’s Drag Race representa o pontapé inicial para realizar tudo que sempre almejei. Trata-se de uma grande oportunidade na minha vida.

DT: Estar no programa já é uma vitória pois imagino que não foram poucas inscrições. Desde o inicio você estava confiante que faria parte do Reality?

HM:  Não. Imaginei que seria apenas um teste ou que no máximo estaria em uma próxima temporada. Mas fluiu e acabei sendo classificada.

DT: RuPaul é uma grande referência para qualquer Drag Queen. Para você, o que ela representa?

HM: Tudo! Inclusive, comecei a fazer Drag devido a influência do programa. A RuPaul foi a minha primeira referência no meio.

DT: Você já venceu outros concursos, como o Miss Beleza Gay 2021, então possui um trabalho ativo dentro da comunidade LGBTQIAPN+. Como sua família encara esse seu trabalho?

HM: Minha família sempre foi um pilar importante na minha carreira e  para a minha trajetória. O apoio deles me deu forças para continuar e lutar pelos meus sonhos.

DT: Você sente que em Salvador o seu trabalho é valorizado?

HM:  Eu acredito que a cena drag soteropolitana é rica e possui muitos talentos, porém existem algumas falhas com relação a conduta, no mais, foi um local que me ensinou tudo que eu sei. Fiz grandes amigas que me deram bagagem para estar onde estou hoje, sou grata por todo o acolhimento recebido.

DT: Gostaria que você deixasse um recado para os leitores do Dois Terços que estão na torcida pela sua vitória.

HM: Primeiramente gostaria de agradecer aos leitores do Dois Terços pelo carinho que sempre tiveram comigo. Estou lutando para levar essa coroa pro nordeste, para minha querida Bahia  e para além do título tem sido gratificante o apoio do público. Obrigado!