Últimos dias de Bocket Show, a comédia escracho, em Salvador

Genilson Coutinho,
14/02/2014 | 17h02

Após 13 anos se apresentando em bares e restaurantes da cidade, Bocket Show ganha versão para o teatro e tem a direção de Adrian Steinway, o mesmo de diversos musicais da Broadway

Sim, seu humor pode ser chamado de transgressivo, mas é, na realidade, uma abordagem direta ao sexo na sociedade contemporânea. A partir de Lucky in The Sky, personagem central da história, que faz um giro cultural pelo mundo e volta a Salvador para se tornar o primeiro prefeito assumidamente gay da cidade, Bocket Show extrai, com escracho e elegância, gargalhadas do público nas suas apresentações. Em cartaz de sexta a domingo no Teatro Molière, Aliança Francesa, em Salvador, o espetáculo faz suas últimas sessões.

Criação coletiva de três atores e um músico (Gerônimo Santana), o texto de Bocket Show quebra paradigmas sobre o sexo em cena. Numa mistura ousada de música, dança, teatro e estética de História em Quadrinhos (HQs), Bocket recria no palco um programa nos moldes da Era do Rádio, e faz paródia das radionovelas de sucesso no Brasil das décadas de 50 e 60 e de anunciantes da publicidade atual.

A radionovela que conta a saga do herói gay foi escrita a partir da entrevista do ator Mark Hamam, que faz o personagem Lucky, de Star Wars, vista pelo elenco de Bocket. “Assistíamos a uma cena do filme, criávamos uma música e em seguida estava pronta um momento da peça, adaptada para o palco”, diz Caco Monteiro, ator e diretor de produção.

Permeada de patrocinadores surreias, personagens hilários e notícias fictícias do trânsito, tudo vira piada em Bocket Show. Por se tratar de um quase musical, a peça faz homenagens sutis a Almodóvar, Michael Jackson, João Gilberto e Caetano Veloso, que é parodiado nas músicas Terra e Índio, por exemplo.

Há ainda o consultório sentimental (ou sexual) da Dra Tuninha, espécie de tia velha que se permite debochar com liberdade das normais sociais. Hilária, ela responde às perguntas dos ouvintes do seu programa de rádio

O espetáculo tem a direção geral de Adrian Steinway, que já coordenou diversas montagens da Broadwy (uma das versões de “O Rei Leão”) e na Bahia dirigiu o primeiro musical no estilo, o Éramos Gays. Foi daí sua aproximação com o ator Caco Monteiro, que chegou a ensaiar por um período, mas saiu do projeto antes da estreia.

A direção musical é de Gerônimo Santana, cantor compositor baiano, que fez com Bocket Show sua estreia enquanto ator e tem adorado a experiência. No elenco estão ainda Caco Monteiro, Evelin Buchegger e Kátia Leal, formando o trio tarimbado das piadas no palco. O figurino é uma criação de Rino Carvalho; iluminação de Marcelo Marfuz e direção de corpo e movimento de Jorge Santos. A realização é da Seu Kirim Produções e a produção da Lilás Produções em parceria com a Salamandra Produções.

 

SERVIÇO

Bocket Show – peça teatral, quase musical

Quando: Sextas e sábados (20h) e domingos (19h) | até 23 de fevereiro

Onde: Teatro Molière – Aliança Francesa Salvador [Av Sete de Setembro, 401 – Barra]

Quanto: R$50 (inteira; às sextas e sábados) | R$60 (inteira, aos domingos). Meia-entrada para idosos e estudantes

Classificação indicativa: 18 anos

Bilheteria: (71) 3336-7599