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Transexual é agredida por 20 pessoas em São Paulo, e polícia registra como roubo

Redação,
18/02/2016 | 07h02
Melissa Hudson, de 22 anos, foi espancada na madrugada de domingo, na rua Augusta. (Foto: Reprodução/Facebook)

Melissa Hudson, de 22 anos, foi espancada na madrugada de domingo, na rua Augusta. (Foto: Reprodução/Facebook)

Uma transexual de 22 anos foi agredida por um grupo de 20 pessoas, na madrugada do último domingo, na rua Augusta, ponto de São Paulo com a vida noturna muito movimentada. A maquiadora Melissa Hudson estava acompanhada de algumas amigas quando foi atingida por uma garrafa na nuca, repentinamente. Única a não conseguir escapar dos agressores, Melissa foi derrubada no chão, levou chutes e socos em sequência, e teve roubados seu celular e documentos que estavam em sua bolsa.

Após o ataque, a maquiadora correu até um carro da Polícia Militar e foi levada a um Pronto-Socorro para cuidar de escoriações no rosto e no corpo. Em tempo: foram rompidos os pontos de uma cirurgia de feminilização facial que Melissa havia feito em dezembro.

Em entrevista ao Extra, Melissa contou detalhes sobre o ataque:

— Eram 4h30 quando recebi uma garrafada do nada. Lembro de ter caído no chão e ter ouvido xingamentos, como “traveco nojento”. Fui salva por um homem desconhecido, que ajudou a afastar as pessoas de mim. E, apesar de não conhecer quem me agrediu, sei que eram homossexuais.

Melissa estava acompanhada de algumas amigas, que conseguiram escapar. (Foto: Reprodução/Facebook)

Melissa estava acompanhada de algumas amigas, que conseguiram escapar. (Foto: Reprodução/Facebook)

Registrado inicialmente no 78º DP (Jardins), o caso está sendo investigado pelo 4º DP, responsável pela região onde ocorreu a agressão. No boletim, não consta o nome social da maquiadora, que foi tratada integralmente no masculino enquanto esteve na delegacia. Também não há qualquer menção sobre a possibilidade da agressão ter sido motivada por preconceito com a orientação sexual da jovem. No registro, o caso foi anotado apenas como “roubo a transeunte”.

A ausência do nome social, aliás, contraria uma determinação anunciada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em novembro, quando foi decidido que os registros passariam a ter “espaços para o preenchimento do nome social e para a inserção da motivação do crime, caso ele seja decorrente da orientação sexual ou identidade de gênero da vítima”.

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Escoriações no rosto: Melissa havia feito, em dezembro, uma cirurgia de feminilização da face. (Foto: Reprodução)

Em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informa que a ausência do nome social de Melissa no boletim está sendo apurada: “A Polícia Civil informa que a ocorrência foi registrada como roubo, pois este é o crime mais grave cometido no caso. Além disso, a agressão é relatada no boletim de ocorrência. Foi requisitado exame de corpo de delito da vítima. O caso está sendo investigado pelo 4º DP (Consolação), distrito responsável pela região dos fatos. A Polícia Civil esclarece que a falta do nome social da vítima no boletim de ocorrência será apurada”.

*Do Extra