SIM. NÃO. INDIFERENTE. Por George Araujo

Genilson Coutinho,
09/08/2011 | 23h08


Estou meio triste por não poder falar bem deste filme. Infelizmente muito se falou sobre ele e Assalto ao Banco Central simplesmente não cumpre o que promete. Até percebe-se o esforço em se fazer um bom filme, mas ao tentar ser de tudo, estragou tudo e o que poderia ser uma maravilhosa trama, quase acaba se tornando um desastre.

Eriberto Leão não convence como bandido e o cartaz do filme é até injusto ao deixar de fora nomes importantes como Heitor Martinez e Gero Camilo. Se é para vender o assalto, colocasse os bandidos no cartaz. Adorei ter visto o talentosíssimo Gero Camilo fazendo um papel diferente do que geralmente ele faz. Vinicius de Oliveira (aquele garoto de Central do Brasil) interpreta um gay enrustido e burrinho que vive o dilema do pecado e as doutrinas da igreja evangélica e junto com Fabio Lago consegue tirar algumas risadas em momentos com piadinhas toscas e cheias de clichês. Em geral, todos os personagens são de uma caricatura forçada, tanto que Giulia Gam ganha um romance lésbico apenas para ser engraçado (#fail), porque isso não influi em nada na história. Por falar em caricato, Barão (Milhem Cortaz) parece ter saído das histórias em quadrinhos com direito a aparição na porta em meio à escuridão e fumaça enquanto que Lima Duarte parece estar robotizado.

Com inspiração num fato real, que aconteceu em agosto de 2005 na cidade de Fortaleza-CE, um bando cavou por três meses um túnel que atravessou um quarteirão e foi parar em baixo do cofre do Banco Central, levando cerca de R$164 milhões (nada menos que 3 toneladas de dinheiro). O fato se tornou o assalto a banco do século e é realmente digno de cinema.

O filme começa com uma cena de sexo completamente desnecessária (assim como muitas outras cenas do filme), aos poucos mostra a formação da quadrilha sendo arquitetada por Barão e em seguida já corta para os policiais estudando o local do crime. Mesmo sabendo o final do enredo, isso quebra com qualquer expectativa que se tenha criado. Assalto ao Banco Central é conduzido de forma estranha, dando vários saltos no tempo que atrapalhou o desempenho que se poderia imaginar de um filme de… sei lá! …ação? Tarantino fez isso magnificamente em Cães de Aluguel, mas Marcos Paulo (em seu filme de estreia) arriscou feio ao fazer isso. Oura comparação que faço com Cães de Aluguel é uma cena de violência forte em que Heitor Martinez agride um personagem. (Por falar em Cães de Aluguel, prometo falar dele no meu próximo post.)

Apesar de tuuuuuuuuudo isso e da trilha sonora ‘nada a ver’, Assalto ao Banco Central não chega a ser insuportável como Federal. Ficou uma missão para outro diretor. Em minha opinião, a história foi desperdiçada e espero que um novo filme baseado neste fato seja produzido em breve.

p.s.: Estou realmente triste em não poder elogiar este filme nacional 🙁

George Araújo – Colunista de Cinema

Publicitário, Blogueiro, twitteiro e cinéfilo de plantão. Trabalha na área de criação gráfica e com mídias sociais e é idealizador do BlogayrosCamp.