Silas Malafaia: Uma arma ideológica contra homossexual

Genilson Coutinho,
14/02/2013 | 17h02

O pastor Malafaia faz questão de não diferenciar homossexualismo (conotação de doença) de homossexualidade (sexo entre iguais); iguala homossexual a bandido (Freud explica: negação, projeção); e diz que em toda história da civilização a família foi sustentada por um homem, uma mulher e a prole. A hetero é compulsória (M. Wittig), é tida como normal porque é maioria ou é majoritária porque é tida como normal? (F. Seffner); a sexualidade é plástica e bissexual (S. Cucchiari); o interesse sexual restrito dos homens pelas mulheres exige esclarecimento (S. Freud). Na Grécia Antiga, a “pulsão” era para o belo (kalós). O senhor livre da pólis transava ambos os sexos, em especial, com o jovem grego amado (eromenos) que era iniciado por ele, amante (erastes), para ensiná-lo a ser cidadão (M. Foucault, J-P. Catonné). O modelo de família era o marido (a mulher existia apenas para o gineceu – reprodução), e o mancebo com qual, publicamente, se apresentava, além de fazer sexo com seus escravos e escravas. Esses senhores iam para os ginásios (academias) ver os rapazes se exercitando, e soltavam gracinhas, algo próximo de: gato, gostoso, tesudo etc. Este executivo da fé, Malafaia, entre rompantes de agressividade, percebia-se nuances de voz, expressões faciais e gestos delicados, não tinha como não lembrar Hitler. Surpreende menos que, estranhamente, seja psicólogo, do que o CFP nunca ter cogitado em caçá-lo. Com salário acima de quatro mil, ser pastor é um negócio muito rentável. Malafaia não coloca uma arma ideologicamente aversiva, homofóbica, nas mãos dos fies, não, mas do contrário, é mais grave, são os fies que pagam, e super bem (o cara é milionário), para ser essa metralhadora ideológica contra gays. A entrevista (disputa- 03/02/2013) confirmou o quanto Malafaia é poderoso e perigoso (porque é formador de opinião e porta voz da ignorância), e a competência da Gabi, que esteve impecável. Parabéns. Oremos por clones, não desse tipo de representante de Igreja que, por si só, já encarna uma desgraça para o mundo, mas de presidentes da estirpe de Barack Obama, dos E.U.A, a partir daí teremos a chance da livre diversidade sexual e, enfim, de consistirmos, de fato, numa civilidade .

 

Por Valdeci Gonçalves

Psicólogo, professor de psicologia, mestre em sexualidade, estudioso do preconceito sexual.