Salvador recebe exposição internacional contra a homofobia

Genilson Coutinho,
02/10/2012 | 08h10


O Centro Cultural Correios Salvador inaugura, na próxima quarta-feira, 3 de outubro, às 19 horas, a exposição internacional de fotografias “Condenados – no meu país, minha sexualidade é um crime”. O trabalho, que reúne 50 autorretratos, é resultado da pesquisa do fotógrafo e jornalista francês Philippe Castetbon e revela o cotidiano difícil dos homossexuais que vivem nos 80 países nos quais este tipo de relação é condenada. A entrada é gratuita e o evento visa reforçar o respeito aos direitos humanos e combate à homofobia.
Um coquetel para convidados e imprensa, com a presença do curador Philippe Castetbon, marca a vernissage que acontecerá no dia 3. A exposição estará aberta para visitação do público no dia seguinte, 4. Philippe Castetbon fará duas visitas guiadas, nos dias 4 e 5 de outubro, abertas ao público, a partir das 16 horas. “Condenados – no meu país, minha sexualidade é um crime” ficará exposto até o dia 16 de novembro. O acesso é permitido de segunda a sexta, das 10 às 18 horas, e no sábado, das 8 às 12 horas.
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Salvador é a segunda cidade da América Latina a abrigar este projeto, que já percorreu as cidades de São Paulo, Aubervilliers, Avignon, Blois, Bruxelas, Chambéry, Clermont-Ferrand, Genebra, Grenoble, Libourne, Lille, Metz, Montpellier, Nice, Paris, Toulouse, Tours e Viena.

O trabalho desenvolvido por Philippe Castetbon
Em sua investigação sociológica, Philippe Castetbon utilizou-se da internet como ferramenta, inscrevendo-se em um site de encontros, escolhido ao acaso. O fotógrafo e jornalista viu que era possível contatar homens em quase todos os países onde a homossexualidade é proibida e condenada pelas leis, e pôde compreender como se conciliam o desejo de encontro e a proibição legal. Com isso, notou que muitos se escondem e não mostram seu rosto.
“Estes homens estão condenados ao terror, mentira, humilhação, exclusão, prisão e violência, fuga ou morte. Vivendo em regime de opressão e perseguição, a internet tornou-se um escape. Nesse espaço de liberdade temporária, eles podem encontrar conforto, conversar com os seus pares e afins, quebrar a solidão, e talvez se apaixonar”, afirma Philippe.
Criando uma relação de confiança, Castetbon conseguiu a cooperação de todos, que cederam suas imagens e depoimentos. A coleção de 50 autorretratos, acompanhada dos testemunhos e das leis em vigor, foi a forma encontrada por ele de revelar o cotidiano dos homossexuais. O medo de ser reconhecido e discriminado, além de perder seus direitos civis e até a própria vida, predomina em todas as histórias.
“Eu me lembro de ter abaixado minhas calças na frente da escola toda para provar aos outros que eu era um menino como eles e para eles pararem de me insultar. Muito cedo, muito jovem, eu conheci a vergonha, o embaraço, o ridículo e a tortura de ser diferente. A AIDS e as outras doenças sexualmente transmissíveis se desenvolvem porque os gays na Guiana, por receio de discriminação e de serem identificados como homossexuais, não consultam os médicos”, aponta o depoimento de M., 25 anos, residente em Georgetown, capital da Guiana.

SERVIÇO:
Exposição “Condenados – no meu país, minha sexualidade é um crime”
Local: Centro Cultural Correios Salvador – Praça Anchieta s/nº – Pelourinho – Centro Histórico de Salvador (BA)
Horário: de segunda a sexta, das 10 às 18 horas; sábado, das 8 às 12 horas
Entrada: franca
Recomendação etária: 14 anos