Sala VIP: Gero Camilo e Vinícius de Oliveira

Redação,
25/07/2011 | 10h07

Em passagem pela capital baiana para promover o seu novo filme, Assalto ao Banco Central, dirigido pelo global Marcos Paulo, os atores Gero Camilo e Vinícius de Oliveira tiraram um tempinho na agenda corrida para bater um papo rápido com a galera do Dois Terços. Como sempre, a gente pergunta o que ninguém mais pergunta porque, bom, somos diferentes, né?

Gero Camilo é um ator cearense consagrado no cinema que já conta com grandes trabalhos em filmes como Abril Despedaçado (2001), Bicho de Sete Cabeças (2001), Cidade de Deus (2002), Madame Satã (2002) e Carandiru, no qual seu personagem faz par romântico com o personagem de Rodrigo Santoro, o travesti Lady Di.

Vinícius de Oliveira, por sua vez, foi descoberto por Walter Salles, quando trabalhava como engraxate no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Salles o convidou a fazer o teste para o personagem Josué, de Central do Brasil (1998), filme pelo qual recebeu uma menção honrosa em Cannes e que garantiu a Fernanda Montenegro uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz.

Dois Terços: Gero, o que você trouxe de sua passagem pelo movimento estudantil para a sua carreira?

Gero Camilo: O diploma. O diploma feito de uma escola que é a rua, um diploma político. Essa é uma brincadeira minha porque boa parte de minha formação se fez no movimento, defendendo exatamente a escola e a educação.

DT: Ainda sofre preconceito por ser nordestino?

GC: Não dá para afirmar muito isso não. Isto porque eu vivo rodeado de pessoas que me amam. Mas, já sofri preconceito no México, por exemplo, quando tive que sair de uma boate. Ou seja, o preconceito pode acontecer em qualquer parte. Eu vejo muito preconceito da mídia, que costuma me perguntar porquê eu sempre faço papéis de personagens nordestinos.

DT: Como foi a composição do personagem Sem Chance de Carandiru?

GC: Com muito laboratório, foi um trabalho de investigação com a ajuda profissional do trabalho de preparação de Sergio Penna. Gosto muito do trabalho dele, que foi fundamental neste processo. Inclusive, foi ele que convenceu o [Hector] Babenco que tínhamos que fazer este personagem.

Dois Terços: Vinícius, como você montou o seu personagem, um religioso “dentro do armário”, para Assalto ao Banco Central?

Vinícius de Oliveira: Através de um processo de preparação de duas semanas com a Fátima Toledo. Este trabalho foi fundamental para chegar no personagem como eu queria e como o diretor queria. […] Tive que entender aquele grupo de personagens marginais e criar uma relação com eles.

DT: Você disse numa entrevista recente para um portal da internet que gostaria de se tornar diretor para poder expressar a sua visão de mundo… Sobre o que você faria um filme?

VO: Minha vontade de dirigir tem a ver com a minha vontade de mostrar as minhas ideias mesmo. Eu acho que entraria no assunto do capitalismo de uma forma crítica, de alguma forma, não sei ainda se crítica ou defesa ou ambos…

Foto: Genilson Coutinho