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“Quero inserir os LGBT no mercado de trabalho”, diz Léo Kret do Brasil

Redação,
25/09/2016 | 10h09

Nascida no bairro de Pernambués, Léo Kret conquistou uma cadeira na Câmara Municipal de Salvador em outubro de 2008, com 12.860 votos, sendo assim a primeira vereadora transexual do Legislativo soteropolitano. Em 18 de novembro de 2009, ganhou na Justiça o direito de usar o nome Leo Kret do Brasil, conforme sentença do juiz Nelson Cordeiro, da Vara de Registro Civil.

Sua popularidade, segundo a vereadora, vem do seu papel de dançarina do grupo de pagode Saiddy Bamba. A “dançarina do povo”, como é chamada, garante que não vai deixar a política, por isso retoma à cena como candidata a vereadora da cidade.

Em 2012, ela não obteve êxito na reeleição. Já em 2014 tentou ocupar a vaga de Deputada Estadual mas também não teve sucesso. Este ano ela volta mais uma vez para tentar uma vaga na câmara dos vereadores em uma  acirrada disputa.

Confira a entrevista :

Dois Terços – Como nasceu o desejo de se candidatar?

Léo Kret – O desejo em me candidatar foi iniciado quando ainda dançava em banda de pagode. Eu sempre dancei para milhares de pessoas e a maioria do meu público vem de comunidades carentes, esquecidas pelos poderes públicos. O povo via em mim uma chance de ter vez e voz, já que grande parte dos políticos só lembram dessas pessoas em períodos eleitorais.

Dois Terços – Qual a importância de um representante LGBT no legislativo municipal?

Léo Kret – Todos os segmentos que lutam e representam um grupo ou uma classe tem grande importância no legislativo municipal, a classe LGBT clamava por isso. Nós homossexuais sempre fomos marginalizados por causa de nossa orientação sexual, era necessário que alguém vestisse a camisa e fosse a luta em prol disso. Essa parcela da sociedade necessitava de leis que transformassem a homofobia em crime, o uso e aceitação do tão sonhado nome social para acabar com o constrangimentos a nós LGBTs e etc.

Dois Terços – Você traz uma experiência muito grande na militância LGBT baiana. O que você pensa em trazer dessa vivência para câmara?

Léo Kret – A minha experiência com militância realmente é muito grande desde a minha adolescência. Através de minha arte, mesmo derrubando inúmeros preconceitos consegui vencer. Absorvi tudo que vivi esses anos, levei para o meu mandato e lutarei para dar continuidade se Deus me der a oportunidade de conseguir o 2º.

Dois Terços – Quais são suas prioridades se for eleita vereadora em Salvador?

Léo Kret – Como já foi comentado quero dar continuidade a meus projetos sociais que inseriam integrantes da comunidade LGBT, como por exemplo o Mais Saúde nas Comunidades, Dança nos Ghetos, dentre outros.

Dois Terços – Cite alguns projetos que você deseja levar à Câmara. Um vereador gay poderia ajudar na luta contra o preconceito? Como?

Léo Kret – Acho que o maior projeto que ajudaria todos os gays seria a inserção dos mesmos no mercado de trabalho. No meu primeiro mandato fiz isso, reuni parceiros, como representantes de grandes lojas de departamento e fiz parcerias com eles indicando pessoas para o seu tão sonhado 1º emprego. Quero continuar abrindo portas pra pessoas que passaram por tudo que passei. É horrível ser apontado por toda vida e excluído sendo o patinho feio da história por causa de nossa orientação sexual.

Dois Terços – Você acredita que será eleita apenas com os votos dos LGBT’s?

Léo Kret – Acredito que serei eleita por todas as faias da cidade, pois por onde passo sou muito querida e bem recebida por todos. Os LGBTS fazem parte dessa fatia, mas acredito que não somente eles votaram em mim, pois fiz projetos para os artistas, para comunidades carentes, idosos, deficientes visuais, crianças e adolescentes e mototaxistas.

Dois Terços – Adoção, casamento homoafetivo e criminalização da homofobia estão na ordem do dia da comunidade LGBT, e no seu projeto?

Léo Kret – A criminalização da homofobia já fazia parte do meu projeto no meu 1º mandato. Indubitavelmente a a adoção e o casamento homo afetivo também continuam fazendo parte do meu projeto, é necessário que como representante da classe eu possa levar esclarecimento para a sociedade sobre essas realidades. Pensar o contrário sobre tais direitos é homofobia, pois pai e mãe é quem cria, assim como a união homo afetiva nada mais é que o direito do casal de oficializar sua relação.