Programação do Carnaval do Pelô homenageará as mulheres no último dia de folia

Genilson Coutinho,
01/03/2011 | 14h03

De 03 a 08 de março, acontece o Carnaval do Pelô, que, em seu último dia de folia, prestará uma merecida homenagem às mulheres no Dia Internacional da Mulher com um texto de autoria do dramaturgo Claudio Simões e direção artística de Elaine Cardim, a ser apresentado no palco principal no Largo do Pelourinho durante os shows exclusivos da Didá e de Mariene de Castro. Será uma festa em homenagem à mulher, feita por mulheres, promovida pela Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-Ba) através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) e programa Pelourinho Cultural. No dia 08, em cada largo, se apresentarão simultaneamente, a partir das 20h, afoxés e blocos afro de forte presença feminina. Estão confirmadas também para os palcos dos largos quatro mestres de cerimônia que devem interagir com o público nos entreatos dos espetáculos daquele dia. As mestres de cerimônia são as premiadas atrizes Débora Santiago, Auristela Sá, Aicha Marques e Patricia Rammos. No Largo Tereza Batista se apresentarão as Filhas de Gandhy às 20h e o Afoxé Filhos de Ogum de Ronda às 20h30. O bloco Filhas de Gandhy foi criado após uma discussão de muitos anos sobre a vontade das mulheres e filhas dos integrantes do bloco Filhos de Gandhy de desfilar no Carnaval. Essa possibilidade só se tornou um fato no final da década de 1970, quando o então presidente dos Filhos de Gandhy, Djalma Passos, convocou Gilberto Nonato e Glicéria Vasconcelos para criar a agremiação feminina. O primeiro desfile dos Filhos do Ogum de Ronda apresentou o tema “Parque São Bartolomeu”, escolhido com o objetivo de valorizar a cultura negra, que tem no parque um local de grande importância histórica. Ainda, às 21h30 tem DJ Jarrao e às 00h tem o samba-rock do Bitgaboott No Largo do Pedro Archanjo, o espetáculo vai ser comandado pela Dandara às 20h. A iniciativa de fundar o bloco Dandara partiu da líder comunitária Jandira Silva, que reuniu as mulheres da comunidade com o intuito de atender aos anseios sociais e culturais da população. O bloco desfilou pela primeira vez em 2007, com o tema “Mulher Negra, resistência e força na preservação da raça” e com cerca de 600 pessoas, em sua maioria mulheres. Às 21h30, o show prossegue com Orquestra Xangô e às 00h tem Juliana Ribeiro, que apresentará lundus, macumbas, maxixes, sembas angolanos, vissungos e sambas-de-umbigada. No Largo Quincas Berro D’Água, se apresentarão o Filhas de Olorum às 20h e o Ilê Oyá às 20h30. A ideia de fundar o bloco Filha de Olorum surgiu a partir das experiências do fundador, Bob Baiano, com os movimentos de luta pelos direitos da mulher em países como França, Estados Unidos e Alemanha. Marcado pelo falecimento prematuro da sua mãe, que criou oito filhos e foi vítima de uma doença por falta de acesso à informação, ele decidiu apoiar a causa dos direitos da mulher em Salvador. O Afoxé Ilê Oyá foi fundado com o intuito de levar as tradições do candomblé para o Carnaval. O primeiro desfile aconteceu em 1979, com o tema “As Águas de Nanã”, cuja música foi composta por um garoto de 10 anos e levou o bloco a se sagrar campeão do Carnaval. Se apresenta ainda a partir das 21h, Malu Soares em homenagem à Edith do Prato, sambista conhecida por usar um prato e uma faca como instrumentos de percussão. Às 00h, entra em cena o Grupo Bambeia. Programação do Largo do Pelourinho – E ainda no último dia de folia, a partir das 20h, se apresenta, no Largo do Pelourinho, a banda Didá, formada exclusivamente por mulheres, que chamam a atenção por sua força percussiva, ritmo contagiante e indumentária que homenageia a princesa Anastácia, uma guerreira negra trazido escrava ao Brasil, em canções que exaltam o povo brasileiro. Com fama internacional, além de fazer música, a Didá é um projeto criado pelo maestro Neguinho do Samba – um dos homenageados do Carnaval do Pelô deste ano -, sem fins lucrativos, em 1993 e que atua promovendo, gratuitamente, atividades educativas. A base pedagógica está na arteducação através do ensino do Samba Reggae, ritmo criado por Neguinho do Samba. O nome Didá, palavra em yorubá que significa o poder da criação, foi escolhido por seu idealizador por entender que criação é o caminho de toda expressão artística. Às 22h30, quem sobe ao palco principal do Centro Histórico é Mariene de Castro, também comprometida com a valorização das raízes musicais brasileiras, recupera influências do samba do Recôncavo, trazendo samba de roda, marujada, ternos de reis, repente, ijexá, côco, maracatu e ciranda, construindo uma sonoridade própria, singular e cheia de tradição.