Polícia prende suspeito de briga em que homem teve orelha cortada

Genilson Coutinho,
20/07/2011 | 01h07

Um homem foi preso nesta terça-feira (19) por suspeita de participar da agressão contra pai e filho em uma festa em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, na sexta (15). Durante a briga, a vítima, um autônomo de 42 anos, teve parte da orelha decepada. Segundo a polícia, o homem confessou o crime. Os policiais pediram que ele fosse preso, mas a solicitação foi negada por um juiz. Por isso, o suspeito foi liberado. Outros dois suspeitos já foram identificados, segundo a polícia, e são procurados. A Polícia Civil investiga se câmeras de segurança instaladas na festa agropecuária realizada registraram o momento em que o autônomo foi atacado. O homem estava abraçado a seu filho de 18 anos quando um grupo os abordou e perguntou se eles eram gays. Mesmo diante da negativa, os dois foram atacados.

“Existe monitoramento interno lá. Então, a gente está tentando colher essas imagens para conseguir fazer uma filtragem e ver se a gente consegue, através delas, apurar o autor”, disse mais cedo o delegado Fernando Zucarelli, do 1º Distrito Policial de São João da Boa Vista, nesta terça-feira (19). “Estão sendo ouvidas testemunhas. A vítima foi ouvida e está sendo submetida a exames, tentando chegar à elucidação do fato.”

O autônomo vive na cidade vizinha de Vargem Grande do Sul e foi à festa com seu filho, que mora no ABC com a mãe, e com as namoradas dos dois. Ele contou como foi atacado. “Elas foram no banheiro e nós ficamos em pé lá. Aí eu peguei e abracei ele. Aí passou um grupo, perguntou se nós éramos gays, eu falei: ‘Lógico que não, ele é meu filho’. Ainda falaram ‘agora que liberou, vocês têm que dar beijinho’. Houve um empurra-empurra, mas acabou, eles foram embora, achamos que tinha acabado ali”, contou a vítima.

Pouco depois, entretanto, o grupo voltou. “Não sei se eu tomei um soco, o que foi, veio de trás, pegou no queixo, eu acho que eu apaguei. Quando eu levantei, eu achei que tinha tomado uma mordida, eu senti, a minha orelha já estava no chão.”

Segundo médicos, foi usado um objeto cortante. Não foi possível reimplantar o pedaço retirado.

Depoimentos
De acordo com o delegado responsável, o depoimento das testemunhas coincide com o que foi relatado pela vítima. “As testemunhas viram somente a agressão. A principio disseram não conhecer o agressor, mas o depoimento delas converge para o mesmo fato, o mesmo agressor, a mesma situação”, afirmou. Segundo ele, apenas uma pessoa agrediu o pai e cortou sua orelha, enquanto outra pessoa atacou o filho, que também ficou ferido.

Segundo o delegado, apesar de os depoimentos apontarem que a confusão começou porque pai e filho estavam abraçados, ainda não é possível dizer que se trata de um caso de homofobia. “Estamos apurando. A princípio, pelo que ouvimos até agora, isso não está bem claro. Só mesmo com o decorrer da apuração a gente vai poder dizer”, afirmou.

Além da agressão, os jovens poderão responder também por discriminação. As vítimas disseram não conhecer os suspeitos. As informações são do G1.