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Palacete das Artes recebe exposição “Índios na Janela” no dia do Índio

Genilson Coutinho,
18/04/2016 | 12h04

Fotos: Andreza Mona

Depois do sucesso de público em Ilhéus e Porto Seguro, a exposição chega a Salvador nesta terça-feira (19) – Dia do Índio – com acervo composto por peças artesanais de diversas etnias brasileiras e quadros de faces indígenas.

Cerca de 200 peças artesanais e 20 pinturas ocuparão o 1º pavimento do Palacete das Artes entre os dias 19 e 24 de abril. São arcos, colares, lanças e bordunas das tribos Pataxós, Xukuru Kariri, Maxakali e Krenak, entre outras, que apresentam a cultura indígena como algo vivo e dinâmico, propiciando ao público uma identificação positiva através das faces dos povos da floresta. O acervo estará disponível para visitação na data em são celebrados os valores, a importância da preservação e o respeito a esses povos. Na abertura, que acontece a partir das 17h, haverá vernissage para os convidados conhecerem a proposta . A entrada é gratuita.

A exposição já foi vista por cerca de 3500 pessoas em Ilhéus e Porto Seguro, por onde já passou em curtas temporadas em fevereiro e março. É voltada para o público em geral, em especial, para estudantes do ensino fundamental, ensino médio, pesquisadores, historiadores e professores. O projeto prevê também uma apresentação indígena dos Pataxó, no dia 20, às 16h, na área externa do Palacete das Artes e uma palestra gratuita e aberta ao público, ministrada pelo colecionador Silvan Barbosa Moreira, com o tema “Minha Vida na Tribo”, dia 22, às 15 h, no mesmo local da exposição.

As peças possuem valor inestimável e foram juntadas ao longo dos 25 anos em que o colecionador Silvan Barbosa Moreira, ex-funcionário da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), teve contato e se dedicou ao trabalho com as mais variadas tribos indígenas brasileiras. “Tenho peças com mais de 30 anos e outras muito raras. A mais antiga é da Ilha do Bananal, no Mato Grosso, já a mais nova é um cocar e um colar Kaiapó que veio do Pará. Entre peças artesanais, livros, CDs e DVDs, tenho quase mil objetos, adquiridos ou que me foram dados de presente por amigos indígenas. Esta exposição serve para contribuir e ampliar o conhecimento do público sobre a vida e a cultura indígenas”, explica o colecionador.

Já os quadros de faces indígenas são de Gildásio Rodriguez, conhecido como “O Gil dos índios”, que já foi protagonista de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil, Estados Unidos e Portugal. “Ao ler a saga dos irmãos Villas Boas no Alto Xingu, senti a necessidade de divulgar, através da pintura, a cultura de um povo que sofreu e sofre injustiças dentro de um país democrático. Comecei em 1998 e, desde então, criei mais de 30 quadros”, conta o pintor.

A exposição, que ficará em cartaz até domingo (24), oferecerá ao público imagens e informações de natureza histórica e cultural, propiciando uma identificação positiva com as coletividades indígenas e oportunizando ao público um olhar mais humano sobre essa questão. Para o curador da exposição, Pawlo Cidade, “essa mostra aponta para um caminho no esforço de pensar os indígenas sob o ponto de partida da cultura, de uma janela que se abriu no passado, que continua aberta no presente e mantém-se escancarada pela dimensão contemporânea, permitindo um diálogo com muitas outras tradições culturais”.

O projeto é uma realização da Comunidade Tia Marita e conta com apoio do Fundo de Cultura da Bahia, mecanismo de fomento à cultura gerido pelas secretarias de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e da Fazenda (Sefaz).  Acompanhe todas as informações na fanpage:www.facebook.com/Indiosnajanela

Sobre o colecionador Silvan Barbosa Moreira – Começou sua carreira como na Fundação Nacional do Índio (FUNAI ), em 1987. Em Eunápolis, acompanhou a demarcação das terras indígenas de Coroa Vermelha. Dois anos, depois acompanhou a instalação da Aldeia da Jaqueira, em Porto Seguro. Em 1990 ficou refém por três dias na Aldeia Nova Vida, em Camamu e, nesse período, conseguiu a pacificação entre os próprios índios Pataxó. Em 1994, quando foi trabalhar em Brasília e reencontrou o índio Galdino que já o conhecia há sete anos e dele ganhou de presente uma borduna. Estes presentes acabaram se tornando o pontapé inicial para uma coleção de utensílios e instrumentos indígenas de mais de duas centenas de peças.

Outras empreitadas enriqueceram a experiência de Silvan, bem como o seu acervo: trabalhou com o Cacique Juruna e o Cacique Raoni; participou da retirada do gado da Ilha do Bananal no Mato Grosso com os índios Carajá; e, em Minas Gerais, chegou às terras dos povos Xacriabá, Pataxó, Maxakali e Krenak; foi convidado para fazer parte da força tarefa em Rondônia, na retirada dos garimpeiros de diamantes das terras dos índios Cinta Larga, onde conheceu o índio Pio Cinta Larga. Aposentou-se em 2013, depois de quase 30 anos desenvolvendo uma série de projetos em terras de diversas etnias, mediando conflitos e colecionando os inúmeros objetos que podem ser vistos na exposição.

Sobre o pintor Gildásio Rodriguez – Ex-aluno do professor Edson Calmon, começou a pintar a figura indígena em 1998, estudando a história dos irmãos Villas Boas: Orlando, Cláudio e Leonardo, vanguardistas da Expedição Roncador-Xingu. Foi protagonista de diversas exposições individuais e coletivas, entre elas a II e III Bienal de Artes de Itabuna; 7º Salão de Artes do Estado da Bahia. Expôs na extinta Casa dos Artistas, Teatro Municipal de Ilhéus, Academia de Letras de Ilhéus, Espaço Cultural Bataclan, Aleluia Ilhéus Festival e Espaço Cultural Tororomba.

Participou de exposições fora do país como a Brasil Coffee House, em Nova York; A Talentos do Brasil, no Palácio da Independência, em Lisboa, e da exposição Trajectos, em Alenquer, também em Portugal. Possui quadros na Embaixada do Brasil, nos Estados Unidos da América.

Sobre o curador Pawlo Cidade – É pedagogo, especialista em Educação Ambiental, dramaturgo, agente cultural, produtor e diretor de teatro com 27 anos de experiência. Além de membro do Conselho Estadual de Cultura e da Academia de Letras de Ilhéus, também é escritor com 14 livros publicados. Já fez a curadoria do Festival Nacional de Dança de Itacaré; do Centenário do escritor Jorge Amado; do Seminário Teatro e Teatralidade, do Seminário Dramaturgia e Contemporaneidade e do Simpósio Economia Criativa e Legislação Cultural.

Serviço

O quê: Exposição “Índios na Janela”

Onde: Palacete das Artes, Rua  da Graça, 289,Graça, Salvador

Quando: Abertura: dia 19 de abril, às 17h. | Visitação: 20 a 22 de abril, de 13h às 19h; e 23 e 24 ( sábado e domingo), de 14h às 19h.

Apresentação indígena dos Pataxó: dia 20, às 16h, na área externa do Palacete das Artes.

Palestra: “Minha vida na tribo”, com o colecionador Silvan Barbosa, dia 22/04, às 15h.

Entrada gratuita para a exposição, palestra e apresentação

Informações à imprensa: Pawlo Cidade – (73) 9 9998.2555 | 9 8831.2555 | 9 9154.7019