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“O movimento de lésbicas na Bahia tem um histórico muito rico”, diz a pedagoga Larissa Passos

Redação,
27/08/2015 | 23h08

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Para marcar o Dia da Visibilidade Lésbica, celebrado no próximo sábado (29), o site Dois Terços convidou algumas mulheres para contar um pouco sobre elas, suas lutas e conquistas quanto homossexuais. Em um bate-papo pra lá de interessante, empresárias, militantes, educadoras e poetisas abriram seus corações e nos deram uma aula sobre orgulho, mulher e vitória.

Para abrir esse circuito nossa convidada especial foi a pedagoga Larissa Passos:

Dois Terços: Qual a importância da celebração do dia da visibilidade Lésbica para você?

Larissa Passos: É essencial que celebremos essa data – é importante por estar viva – e lutemos – em memória das que tiveram sua vida ceifada pela lesbofobia – pelos direitos já conquistados e pelos muitos que teremos que conquistar para termos a garantia da nossa cidadania plena. Em uma sociedade como a brasileira, constituída e estruturada pela diversidade, dentre elas a sexual, e com as mudanças que as novas tecnologias colocam nas formas e relações sociais, um dos temas que ocupa cada vez mais destaque nas discussões é o da garantia dos direitos das Lésbicas. O incentivo ao reconhecimento da diversidade sexual deve ser vista como um direito e não uma concessão para a promoção das políticas públicas (educação, saúde, mundo do trabalho, direito a cidade, habitação, segurança e etc.), entendendo que discutir a visibilidade lésbica apresenta e problematiza ao sistema onde vivemos o lugar que a sociedade coloca a mulher, e exigindo que seja identificado o machismo e a lesbofobia que violenta a vida e corpos destas mulheres.

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Dois Terços: Como você tem visto o momento de mulheres lésbicas na Bahia?

Larissa Passos: O movimento de Lésbicas na Bahia tem um histórico muito rico e com personalidades que hoje permanecem na luta constante por mais direitos. Atualmente estamos construindo uma grande revolução, tecendo relações e respeitando as questões geracionais, interior e estado, classe social, etnia, religião e outros demarcadores sociais fundamentais para o empoderamento das Lésbicas. Nas edições do Encontro de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia – EnLésBi, deixamos nítido que as Lésbicas não se organizam apenas neste espaço, mas essa é uma agenda muito grande que tem o propósito de fazer a convergência dos movimentos e coletivos para construir propostas que dialogam com a garantia da cidadania plena das lésbicas e mulheres bissexuais com um número grande de organizações e com muita qualidade. Percebe-se também a questão do entrelaçamento das questões sociais e de gênero (neste caso, gênero não se resume apenas em homem e mulher cis). E um grade passo dado foi a construção do Fórum EnLésBi que terá seu regimento e organização construído na edição III do encontro e que acontecerá nos dias 30 de agosto a 01 de setembro de 2015.

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Dois Terços: Você estão programando alguma ação para parada gay deste ano?

Larissa Passos: Primeiro quero deixar registrado a minha crença de que o nome da parada não se enquadra com o contexto atual do movimento LGBT, o nome deveria ser Parada da Diversidade Sexual e de Gênero, ou outro que contemplasse o movimento geral e dialogasse com a sociedade, pois esse é o propósito das paradas, chamar a atenção da sociedade que existimos e precisamos gozar dos diretos fundamentais e totais na sociedade. Mas voltando para a questão, estarei sim junto com as Lésbicas e as Mulheres Bissexuais com cartazes e muita irreverência da Marcha Mundial das Mulheres provando que na Bahia existem Lésbicas e Mulheres Bissexuais também e queremos nossos direitos garantidos.

 Dois Terços: Há o que celebrar?

Larissa Passos: Sim, nos últimos anos nós Lésbicas estamos nos fortalecendo e disputando cada vez mais espaços e direitos, conseguimos inclusive alguns avanços sobre a saúde da mulher Lésbica, adoção, casamento… Mas permanecemos firmes na luta por um projeto de educação que garanta a diversidade sexual, de gênero e étnico-racial. Além disso todos os dias apresentamos demandas para a sociedade, porque é importante lembrar que nossa celebração primeiro é para falar sobre nossa existência e denunciar os abusos que sofremos,  seguindo pela valorização as vitórias, e por último, mas, isso não significa “por fim”, recarregar as baterias para seguirmos firmes na luta, para que mais lésbicas conheçam e queiram participar dos espaços organizados do movimento de Lésbicas.

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Histórico de Larissa:

Larissa Passos Mulher, Negra, Lésbica, Pedagoga, Atriz, Judoca, nascida em Cabaceiras do Paraguaçu-BA – Recôncavo Baiano, premiada pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia pelo trabalho desenvolvido na Diretoria LGBT da UNE; militante da Democracia Socialista (DS), uma corrente do Partido dos Trabalhadores (PT); militante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM); do Fórum LGBT Baiano; e do Fórum ENLESBI. Já foi da Executiva da União das e dos Estudantes da Bahia (UEB), último cargo no espaço do movimento estudantil foi na União Nacional das e dos Estudantes (UNE) como Diretora LGBT da UNE (2013 a 2015); participou das duas Agendas do Maio da Diversidade (2014 e 2015) do estado da Bahia; fez parte da organização das duas edições do Encontro de Lésbicas e Mulheres Bissexual – EnLésBi da Bahia;  Participou da 9º Ação Internacional da MMM e foi realizadora do 1º Encontro LGBT da UNE.

Fotos: Arquivo pessoal.