Comportamento

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O Incômodo que Claudia Leitte gera

Genilson Coutinho,
17/06/2014 | 11h06

beijinho

Por Enézio de Deus

Embora uma cantora que não me toque ou emocione, vi o clip da canção oficial da Copa e a abertura dessa e, em ambos, para aquilo a que foi chamada, a cantora Cláudia Leite EM NADA deixou a desejar.

Ora: se ela, pelos motivos que não sabemos (sorte dela, cujas articulações e parceria se concretizaram!), foi a brasileira escolhida e se cantou bem, estava lindamente vestida, por demais carismática, totalmente dentro do esperado, por que criticar negativamente? Só há uma palavra: PRECONCEITO (para com ela – o que sinto tão ridiculamente insistente na nossa própria Bahia! – e mistura de afinidades/repulsas pessoais com o artista em si).

Não faltaram comentários lamentáveis na mídia: “Cláudia Leite somente cantou 20 segundos e apenas aparece de relance 40 segundos durante a música”. Daí, eu logo questiono: e isto é pouco, para um ato/momento/participação de visibilidade internacional? Todas queriam, com certeza, estar no lugar dela! Não sejamos hipócritas. Cláudia, apesar de uma voz bonita e de uma mulher fisicamente também bela, nunca me arrebatou com as suas performances e o seu canto integrado à dança (algo estritamente peculiar e intransferível, pois do patrimônio imaterial/pessoal de cada artista). Mas cumpre, dignamente, o seu ofício. O ser humano Cláudia, eu não o conheço. Mas tenho bom senso e separo perfeitamente as coisas.

claudia

Há artistas com relação aos quais quase tudo me fascina (é o caso da nossa gigantesca Ivete Sangalo e da ascendente sambista feirense Maryzelia, por exemplo). Há outros sobre os quais tenho sérias restrições (Daniela Mercury, por exemplo), mas não misturo a artista dos outros aspectos que consigo racionalmente alcançar e apreciar.

Parabéns, Cláudia Leite! Você é uma jovem cantora, que vem trabalhando dignamente, conquistando espaços (como todos os artistas buscam por legítimo direito) e fez uma belíssima participação na canção e na abertura desta Copa.

Quem tem incursões/vinculações profissionais com a arte amplamente vista (sou compositor e escritor de livros publicados por editoras sérias; sei muito bem disto) tem pleno conhecimento de que tudo que fazemos profissional-artisticamente possui claros e precisos limites contratuais que, previamente ajustados, não podemos ou, no mínimo, não devemos ultrapassar. A reclamada falta de “glamour” da abertura desta Copa do Mundo em NADA tem a ver com você, Cláudia. Você só brilhou, elevando a Bahia e o Brasil! PARABÉNS!

Enézio de Deus (Advogado, compositor e escritor baiano; Mestre e Doutorando em Família na Sociedade Contemporânea pela UCSAL)

enezio