Mulheres do Didá tomam conta da Avenida

Genilson Coutinho,
06/03/2011 | 22h03

Foi junto com a madrugada que o bloco Didá chegou na Avenida na noite de sábado de Carnaval. Era meia-noite quando o bloco, fundado por Neguinho do Samba e composto por 3.000 mulheres, entrou no Largo do Campo Grande. A banda feminina Didá, liderada pela vocalista Carla Lis e formada por 16 musicistas, puxou a multidão ao som de clássicos do samba-reggae como “Olodum é Rei”, “É d’Oxum”“Dona Canô”.

O bloco desfilou com patrocínio do banco Itaú e o tema “Mulheres do Senegal”, dividido em quatro alas. À frente, 30 dançarinas munidas de guarda-chuvas representavam as guerreiras senegalesas e seus escudos protetores.

Na sequência, a ala das Griot’s trouxe 60 senhoras representando as contadoras de histórias e a importância da oralidade na cultura negra. Uma delas, a baleira Maria Joana de Souza, está completando 78 anos de idade e 18 de Didá: “eu amo esse bloco e vou sair até o dia em que Deus permitir”, afirmou a animada foliã.

Por fim, 30 jovens bailarinas vestidas com as cores da África compunham a ala “Malé Senegal”, representando a força da dança senegalesa. Pela primeira vez na Avenida, Tamires Cristine, 17 anos, era puro orgulho. “Não estamos aqui apenas pela diversão, quero representar da melhor maneira possível o trabalho da Didá e a nossa cultura afro-brasileira”, afirmou a jovem.

Além de bloco carnavalesco, a Didá é uma instituição que durante todo o ano trabalha na formação de mulheres de toda a Região Metropolitana de Salvador. “Temos oficinas de música, teatro e dança, com o objetivo de incluir as mulheres no mercado musical. Foi assim que Neguinho do Samba idealizou a Didá, e assim a mantemos até hoje graças a muita luta e ao apoio de empresas como o Itaú”, afirmou Viviane Caroline, diretora de projetos da associação e percussionista da banda.

Crédito das fotos: Samuel Cerqueira