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Mês do orgulho LGBTQIA+ l Serviço Fisiotrans presta atendimento fisioterapêutico gratuito a pessoas transexuais em Santa Catarina

Genilson Coutinho,
22/06/2021 | 22h06

Um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) deu início a um serviço exclusivo que vem fazendo a diferença para transexuais em Balneário Camboriú (SC), por meio de atendimento de fisioterapia pélvica para pessoas que fizeram a cirurgia de redesignação sexual. A iniciativa, que começou como um projeto de conclusão do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Avantis – UniAvan, orientado pela professora e fisioterapeuta Angelise Mozerle, deu tão certo que passou a ser um serviço gratuito mantido pela instituição.

As alunas Andréia Morel da Silva e Kimberly Larissa Pedrassoli, que deram origem ao estudo, explicam que a cirurgia de redesignação sexual é o procedimento cirúrgico pelo qual as características sexuais/genitais de nascença de um indivíduo são mudadas para aquelas socialmente associadas ao gênero que ele se reconhece.

Na clínica, o atendimento é feito no pré e pós-operatório, como forma de identificar algum desconforto ou problema na região após o procedimento, que pode ser tratado por meio da chamada fisioterapia pélvica. “A pessoa pode apresentar dor, distúrbios na função urinária como incontinências, ausência de lubrificação e também pode ocorrer o fechamento do canal vaginal, a chamada estenose da neovagina. Outro problema que pode ocorrer é a fraqueza muscular, entre outros sintomas”, explica a professora orientadora Angelise Mozerle. Após análise inicial, se necessário, é criado um plano de tratamento fisioterapêutico para auxiliar no processo de recuperação.

Ideia é atender pessoas trans de todo o país em consultas on-line

Todo o atendimento é realizado nas clínicas de fisioterapia do Centro Universitário Avantis – UniAvan, embora possa ser feito on-line, com videochamadas. O trabalho já existia para pacientes com disfunções miccionais, como perda urinária, excesso de idas ao banheiro para fazer xixi, perda de fezes, dor durante o ato sexual, crianças que também apresentam disfunções miccionais, assim como indivíduos que fizeram a retirada da próstata e apresentam alguma disfunção, como a erétil e incontinência urinária. Foi a partir dos estudos de Andréia e Kimberly que o atendimento passou a ser adotado também para a comunidade trans.

E para este público, a ideia é pulverizar o atendimento com o serviço de orientação presencial ou on-line. A intenção é atender pessoas de todo o Brasil sobre as mudanças e modificações de sensibilidade na região dos chamados músculos do assoalho pélvico, que inclui as áreas genitais tanto masculina quanto feminina, e como a fisioterapia pode ajudar numa recuperação mais rápida. O atendimento é gratuito após análise dos casos e definição do tratamento para minimizar essas disfunções.

A relação do Centro Universitário Avantis – UniAvan com a comunidade LGBTQIA+

A relação do Centro Universitário Avantis – UniAvan com a comunidade LGBTQIA+ é antiga e preocupada em dar a assistência técnica necessária. Em 2015, desenvolveu um trabalho de assessoria jurídica gratuita para mudança do nome social, sendo a primeira de Santa Catarina a oferecer esse auxílio, com o atendimento de vários casos.

O serviço foi ofertado pelo Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) a transexuais. A instituição também, na época, disponibilizou acompanhamento psicológico necessário nestes processos. Em 2018 o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a alteração não precisa de autorização judicial, laudo médico ou comprovação de cirurgia de redesignação sexual.