Lucro da Parada de SP cresce quase 10%, mas manifestação sofre com falta de patrocínio

Genilson Coutinho,
22/05/2012 | 22h05

A 16ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo vai ser realizada no próximo dia 10 na Avenida Paulista enfrentando um dilema econômico: ao mesmo tempo em que é o segundo evento mais lucrativo da capital paulista, não consegue atrair patrocínio da iniciativa privada. Em coletiva realizada na manhã desta terça-feira, 22 de maio, no auditório do Sindicato dos Bancários, em São Paulo, a entidade realizadora do evento anunciou uma queda de nada menos do que 120 mil reais em seu orçamento com relação ao ano passado.

Muito emocionado e chorando, o presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT), Fernando Quaresma, atribuiu ao preconceito homofóbico arraigado na sociedade o principal motivo para as constantes negativas que recebeu de possíveis patrocinadores. “A gente percebe que a pessoa sempre fala que a Parada ‘não se enquadra’ no tipo de evento que eles querem patrocinar.”

A 16ª edição da caminhada, que tem concentração a partir das 10h em frente ao Masp, vai ser realizada com patrocínio de R$ 200 mil da Petrobras , R$ 100 mil da Caixa Econômica Federal e R$ 25 mil da União Geral dos Trabalhadores (UGT), o que resulta em R$ 325 mil, R$ 120 mil a menos do que em 2011. A Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (Cads) da Prefeitura de São Paulo mantém neste ano seu apoio logístico (banheiros, grades, postos de atendimento médico, etc) em um orçamento de cerca de R$ 1 milhão.

Segundo relatório da SPTuris, órgão oficial do Turismo de São Paulo, distribuído na coletiva, em 2011 houve um aumento de 9,6% no montante arrecadado pela cidade durante o evento com relação a 2010, o que significa um lucro de pelo menos R$ 206 milhões para a capital paulista. A organização preferiu não divulgar uma expectativa de público e disse que neste ano não vai realizar a contagem que fazia todos os anos, e contabilizava uma média de 3,5 milhões de pessoas.

Faltas

Com o fechamento do parque de diversões Playcenter, o Gay Day não será realizado na programação deste ano. A APOLGBT também não divulgou dados sobre a segurança no dia do evento porque os números seriam fornecidos pelo tenente-coronel da Polícia Militar Vagner Rodrigues, que estava em uma reunião e não pôde comparecer à coletiva. Mas existe a expectativa de que seja mantido o efetivo de 1.500 policiais militares destacados no ano passado.

A Guarda Civil Municipal (GCM) deve dobrar de 200 para 400 o número de seu efetivo, focado principalmente em apreensões de produtos como o vinho alcunhado de Chapinha. A previsão é que a Avenida Paulista esteja totalmente liberada ao trânsito a partir das 18h do domingo. O Metrô e a CET também são parceiros da Parada para garantir uma manifestação com locomoção e sem dramas.

Diva do evento em 2011, a cantora Preta Gil neste ano não estará na manifestação dando sua pinta. Espera-se outra presença de peso, a do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), que segundo Fernando, manifestou a vontade de não só participar da abertura da caminhada, mas também subir no trio-elétrico oficial da Associação para dar seu apoio.

A coletiva contou ainda com a titular da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, Heloísa Gama Alves; o titular da Cads, Franco Reinaudo; a representante da Caixa Celi de Campos Mantovani; e a representante da UGT e do Sindicato dos Comerciários Patrícia Santos, que demonstrou consciência do retorno financeiro que a Parada, mesmo sem patrocínio privado, traz à cidade. “É um público que consome muito, tem tudo a ver com o sindicato”.

Ainda sem uma sede própria e com um orçamento de R$ 325 mil para realizar além do Mês do Orgulho LGBT de São Paulo também seus outros projetos ao longo do ano, a Parada passa por um momento delicado onde ou a iniciativa privada (inclusive os estabelecimentos gays) toma consciência do lucro que tem com a manifestação, ou ficará cada vez mais difícil realizar a maior Parada LGBT do mundo no país que mais mata homossexuais por ano em todo o planeta.

Por Helio Filho

Mixbrasil