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Laudo conclui que produtor de eventos foi morto por objeto contundente

Genilson Coutinho,
03/09/2016 | 09h09

O laudo necroscópico do produtor Leonardo Moura mostra que a vítima foi morta por instrumento contundente – que provocam lesões por pressão exercida, batendo ou chocando. Leonardo morreu em julho, dois dias depois de ser achado desacordado em uma praia no Rio Vermelho. A Polícia Civil chegou a concluir o inquérito como caso acidental, mas o Ministério Público pediu novas investigações sobre o caso.

O laudo, que teve conclusão enviada pelo defensor à reportagem, diz que Leonardo morreu de anemia aguda devido a lesão renal direita e hematoma retroperitonial, com trombose cardíaca. A possibilidade da queda não é descartada de maneira categórica.

O MP-BA deu um prazo de 30 dias para a Polícia Civil concluir as novas diligências, que incluíam, além do laudo, novos depoimentos, entre outros. O prazo se esgota na próxima semana. Quando o inquérito for reenviado, caberá ao MP decidir o que fazer. “O que posso fazer é buscar a verdade real. Na minha opinião, já tem elementos para denúncia, mas eu não posso dizer o que o MP tem que fazer”, acrescenta o advogado, que questiona os depoimentos de algumas testemunhas. “Basta ler com atenção para ver que têm depoimentos adestrados”.

A Polícia Civil já havia se manifestado informando que não vai se pronunciar mais sobre o caso.

Espancamento ou queda

A família de Leonardo desde o princípio acredita que o rapaz morreu vítima de espancamento. Ele foi encontrado desfalecido depois de sair da boate gay San Sebastian, no Rio Vermelho, e a possibilidade de um ataque homofóbico foi cogitada. Mas a Polícia Civil concluiu em seu inquérito que o produtor morreu vítima de uma queda. Um perito ouvido pelo CORREIO afirmou que as lesões eram características de agressão.

Segundo a Polícia Civil, um total de 14 testemunhas foram ouvidas na 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico) para a elaboração do inquérito. Entre elas, socorristas, policiais militares, familiares, moradores da região e a médica do Hospital Geral do Estado (HGE) que prestou o primeiro atendimento ao rapaz.

De acordo com a médica do HGE, Leonardo quando chegou ao hospital tinha lesões condizentes com o relato de queda feito pelos socorristas do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). “Ele estava cheio de areia e com escoriações simétricas e discretas. Não havia sangramento aparente, nem lábios partidos. Não se queixava de dor”, afirmou a profissional.

Ela disse ainda que Leonardo estava relutante. “Ele não queria ficar na maca, saía o tempo todo. Tanto que fui avisar ao chefe do plantão que ele estava inquieto e, por isso, difícil de intermediar a solicitação dos exames (tomografia da região da bacia, tronco, pescoço e cabeça). Ao voltar para sala de sutura, onde Leonardo estava, não o encontrei e relatei o sumiço”, explicou a cirurgiã.

Questionada sobre as bolsas de sangue na parte inferior do olho de Leonardo, a médica explica que uma lesão na região óssea do nariz é compatível com a equimose (acúmulo de sangue) tão simétrica que o estudante apresentava no dia seguinte a sua entrada no Hospital. Segundo a Polícia Civil, a versão coincide com a de três testemunhas que viram o estudante cair com o rosto voltado para a areia.

Ainda segundo o inquérito, havia um pequeno sangramento no nariz de Leonardo, logo após ele cair da balaustrada. “Não existem imagens no local onde ele caiu, mas as informações coletadas, principalmente as testemunhas e os profissionais de saúde, são suficientes para fecharmos o caso”, explicou a delegada Mariana Ouais, titular da 1ª DH, que presidiu o inquérito.

Do correio.