Lady Gaga promete sacudir Itália ‘retrógrada’ em Parada Gay

Genilson Coutinho,
11/06/2011 | 13h06

A cantora americana Lady Gaga desfilará no sábado em Roma na “Parada do Orgulho Gay” europeia, a EuroPride, para tentar sacudir a Itália “retrógrada” de Silvio Berlusconi e denunciar as censuras do Vaticano, segundo os organizadores.

A provocadora artista pop americana, que se tornou ídolo do movimento gay quando em novembro passado usou sua fama para pedir a revogação da lei de seu país que proíbe os abertamente gays de se alistar ao exército, cantará uma música no lendário Circo Máximo da capital.

Cerca de 1 milhão de pessoas deverão participar da parada, que atravessará o centro histórico de Roma e reunirá membros da comunidade gay de toda a Europa.

As paradas gays, fundadas pela European Pride Organizer Association, tiveram início em Londres em 1992, com a participação de cerca de 100 mil pessoas e em 2007, em Madri, superaram os 2 milhões.

A celebração na Cidade Eterna constitui uma chance para denunciar a mentalidade conservadora do governo liderado pelo milionário Berlusconi, defensor da família tradicional, apesar de ter se divorciado e sair com estrelas e prostitutas de luxo.

“É o governo mais retrógrado que a Itália teve nos últimos 50 anos”, sustenta Paolo Patane, diretor do Arcigay, o movimento italiano de defesa dos direitos homossexuais, fundado na década de 1980.

“É um chefe de governo que à noite convida belas menores de idade para suas festas e de dia no Parlamento defende o modelo de família do Vaticano, baseado no matrimônio”, completa.

Os preparativos para a EuroPride foram perturbados por atos contrários aos homossexuais, que se multiplicaram nos últimos anos na Itália.

“O parlamento italiano odeia os homossexuais. O primeiro-ministro não perde a chance de fazer piada com eles”, comentou Vladimir Luxuria, transexual e ex-deputada comunista, entre as organizadoras do primeiro festival gay da Itália.

Como sintoma desse desprezo, Luxuria menciona os comentários e piadas de mau gosto que Berlusconi conta publicamente sobre homossexuais.

No ano passado, ao ser questionado sobre seus escândalos sexuais, surpreendeu a todos com sua resposta: “melhor amar as menininhas do que ser homossexual”.

Para Patane, os verdadeiro desafios para a obtenção de direitos por parte dos homossexuais são a religião e o peso que a “hierarquia do Vaticano” ainda tem na sociedade europeia.

A Igreja Católica qualifica a homossexualidade como uma “desordem” e considera um pecado as relações entre pessoas do mesmo sexo.

Para Vladimir Luxuria, a Itália ficou ancorada no passado, apesar de o número de homossexuais e de pessoas que apoiam o movimento ter crescido.

“Estou muito triste, muitos italianos tiveram de sair do país porque são homossexuais”, reconheceu.

Fonte: UOL.

Foto: Reprodução