Saúde

Inverno favorece infecção urinária infantil

Redação,
17/06/2021 | 14h06

Conhecer os sintomas ajuda a identificar o problema e beber mais água contribui para a prevenção

(Foto: Divulgação)

No inverno, tanto crianças como adultos tendem a beber menos água e fazer menos xixi, fato que facilita infecções, já que o ato de urinar é responsável pela limpeza do canal da uretra, evitando a proliferação de micro-organismos no local. Além disso, a umidade típica da estação pode contribuir para o aumento de casos de Infecções do Trato Urinário (ITUs), já que quando a criança usa uma roupa íntima que não secou direito ela acaba tendo contato direto com um número maior de agentes infecciosos. Na estação mais fria do ano, o aumento de infecções do trato respiratório, como gripes e resfriados, e o uso de antibióticos para tratar outras doenças como sinusite e amigdalite podem contribuir para a queda da imunidade, o que também favorece o aparecimento da infecção urinária.

A ITU é uma infecção bacteriana em alguma região do trato urinário. O local preferido das bactérias é a bexiga, mas os rins, ureteres e uretra também podem ser acometidos. Exames de urina, de imagem e de sangue podem ser solicitados por especialistas para fechar o diagnóstico. De acordo com o urologista geral e pediátrico Leonardo Calazans, os sintomas variam por idade. Em bebês e crianças de até dois anos, os mais comuns são febre, vômitos, diarreia e urina com odor fétido. Crianças acima dessa idade apresentam outros sintomas. Se o local da infecção for a bexiga, podem surgir dor ou sensação de ardência ao urinar, vontade frequente e súbita de fazer xixi, dor na bexiga (região inferior do abdômen) e dificuldade para urinar ou prender a urina (incontinência urinária). Se a infecção for renal, os sintomas mais comuns são: dor em um ou em ambos os rins (na lateral do corpo ou nas costas, logo acima da cintura), febre alta, calafrios e mal-estar grave.

Recém-nascidos com infecções urinárias raramente apresentam sintomas além de febre. Às vezes, eles não se alimentam bem, ficam lentos (letárgicos), vomitam ou têm diarreia. Crianças com defeitos congênitos que impeçam a urina de fluir normalmente têm maior probabilidade de apresentar ITU no presente e problemas renais no futuro, se não forem tratadas. Além disso, “recém-nascidos podem ficar muito doentes se uma infecção do trato urinário se disseminar através do sangue para o resto do corpo. Quando isso ocorre, temos um quadro clínico conhecido como sepse”, pontuou Calazans, que atua como preceptor de urologia das Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador, e do Hospital Estadual da Criança, em Feira de Santana.

Crianças que recebem tratamento adequado raramente desenvolvem insuficiência renal (incapacidade dos rins de filtrar adequadamente os resíduos metabólicos do sangue), a menos que elas tenham anomalias no trato urinário que não podem ser consertadas. Contudo, “as infecções urinárias de repetição, podem formar cicatrizes no rim, fato que pode dar origem à hipertensão arterial e à doença renal crônica”, destacou Leonardo Calazans.

Prevenção – Segundo o especialista, que também é diretor do núcleo de urologia do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), nem sempre é possível prevenir as infecções urinárias, mas a higiene adequada dos órgãos genitais pode ajudar. As meninas devem ser ensinadas a se limpar esfregando-se da frente para trás (em vez de trás para frente) após evacuar e depois de urinar para reduzir as chances das bactérias penetrarem pela abertura uretral. A circuncisão dos meninos ajuda a reduzir o risco da doença na etapa inicial da infância. Apenas 10% dos circuncidados apresentam ITUs em comparação aos que não são, mas há divergências sobre o fato desta vantagem, por si só, ser motivo suficiente para justificar a retirada do prepúcio. “A micção e evacuações regulares, o consumo abundante de água e a não utilização de roupas íntimas úmidas ou molhadas por muito tempo ajudam a evitar o aparecimento das infecções urinárias nas crianças”, destacou.

Tratamento – As infecções do trato urinário são tratadas com antibióticos. Crianças que apresentam casos mais graves e todos os recém-nascidos recebem esses medicamentos por injeção intramuscular ou em uma veia (intravenosa). Outras crianças recebem antibióticos por via oral. O tratamento em geral dura, aproximadamente, de 7 a 14 dias. Algumas crianças com anomalias estruturais do trato urinário precisam de cirurgia para corrigir o problema. Outras precisam tomar antibióticos diariamente para prevenir infecções.