Internautas propagam discurso de ódio na rede Por João Barreto

Genilson Coutinho,
25/11/2011 | 20h11

Dizia Karl Marx que aquele que não conhece o passado está fadado a repeti-lo. Em época de Google e de bancos de dados gigantescos espalhados pelo mundo, me é estranho que alguém não conheça o passado. Há de ser preguiça.

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), em mais um discurso hitleriano com o intento de apavorar o brasileiro ignorante, voltou a atacar os cidadãos LGBT na Câmara dos Deputados, em Brasília na última quinta-feira (24). Afirmou em discurso na tribuna que a presidente do Brasil é lésbica e esconde isso da população. Discursando contra o material do Ministério da Educação contra a homofobia, que ele batizou de kit gay, Bolsonaro bradou: “Se gosta de homossexual, assuma! Se o seu negócio é amor com homossexual, assuma, mas não deixe que essa covardia entre nas escolas do primeiro grau”. Para quem não acredita no desperdício de dinheiro público, tribuna e eletricidade, o vídeo de seu discurso pode ser visto neste link.

[Bom, tanto faz se Dilma é lésbica, bissexual, assexuada, transexual desde que ela cumpra sua função admnistrativa. Ou seja, como pode ser isso relevante para o governo da nação?]

Naturalmente, o discurso de Bolsonaro causou repercussão nacional. O Correio Braziliense de hoje (25) dizia que o deputado destilava “mais estupidez na Câmara” [sic]. O Estadão, na esteira dos acontecimentos, publicou na tarde desta sexta-feira (25) uma charge em sua página do Facebook, o que rendeu mais polêmica. Desta vez, na rede social. Na charge, o deputado aparece pedindo para Dilma sair do armário e usando minissaia, meia arrastão e salto. Pernas cruzadas como moça.

Seguiram-se comentários no Facebook opinando contra e a favor do deputado mas os comentários do usuário Meireles Victor – maranhense e estudante de engenharia civil da UNDB – foram mais inflamados. Eles chamaram a minha atenção porque pediam a volta da ditadura no Brasil. Vejam abaixo:

O rapaz ou esqueceu do passado ou o ignora. É um ignorante: Ignora as agruras da ditadura, apoiada pela mesma classe média que a derrubou. Ignora as agruras de Mayara Petruso, que pedia o assassinato de nordestinos em sua conta de Twitter no fim do ano passado. Hoje, ela vive uma vida no ostracismo, além do . Não posso não dizer que merecida. Ah, e não podemos esquecer que mesmo do ostracismo ela é investigada pelo Ministério Público Federal. Mais recentemente, após o cancelamento do Enem em outubro, usuários do Twitter (novamente) pediram a morte de nordestinos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Porém, Meireles acertou numa coisa. Sem querer comparou Bolsonaro com Hitler. E os dois são mesmo parecidos pois compartilham uma mesma retórica particular para assustar e desinformar a população.

Fico impressionado com tanta voracidade em propagar o ódio e a pouca disposição em propagar o amor. Eu vou na contramão. Eu amo o meu namorado e não serei punido por isto. Somos ambos homens. Eu não me deito com homens como se fossem mulheres, Seu Levíticos, eu me deito com homens como se fossem o que são: homens.

Por João Barreto – Jornalista

Jornalista e mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. É analista de comunicação e cultura, especialmente de poéticas audiovisuais. Também tem interesse em desenvolvimento sustentável.

witter: @jaobarreto / Blog – http://jaobarreto.wordpress.com/