Implantes penianos podem ser a solução para problemas sérios de ereção

Genilson Coutinho,
02/08/2012 | 11h08

 

Disfunções neurológicas ou vasculares, causadas por motivos diversos, podem ocasionar problemas de ereção. Estes devem ser tratados de diversas maneiras, mas em último caso, após outras tentativas, o implante penianotem sido cada vez mais indicado como solução para homens de vários partes do mundo. “A prótese devolve ao homem um ‘esqueleto’ novo para o pênis, fazendo com que ele volte a ter relações sexuais com ereção normal”, explica o urologista diretor da Clínica do Homem, Francisco Costa Neto .

Especialista em andrologia, o médico explica que entre as disfunções neurológicas que mais levam os homens a terem problemas de ereção destacam-se a diabetes, a prostatectomia radical (retirada total da próstata), as neoplasias e lesões neurológicas em geral, as hérnias discais e a doença veno-oclusiva peniana. Já as disfunções vasculares mais frequentes, que também podem levar o homem à necessidade de implantar uma prótese peniana (caso nenhum tratamento clínico funcione), são a hipertensão arterial, a aterosclerose (relacionada às dislipidemias), a arterioesclerose (envelhecimento das artérias), a diabetes e as neoplasias em geral (essas duas últimas se caracterizam tanto por disfunções neurológicas quanto vasculares).

No caso de qualquer uma dessas patologias ser a causa de uma Disfunção Erétil (DE), é preciso tratar primeiro a doença que originou a DE. “Apenas se outras formas de tratamento não solucionarem a dificuldade ou falta de ereção, sugerimos a colocação de implantes penianos, com o cuidado de evitar falsas expectativas. O ideal é que a companheira participe e colabore com a cirurgia, mas isso não é uma regra. Após a colocação do implante são necessárias de quatro a seis semanas de recuperação antes da utilização desta”, explica o médico.

Tipos de implantes

Houve uma grande evolução nessa área nos últimos anos e hoje há diversos tipos de próteses disponíveis no mercado. Os que tem apresentado melhores resultados são os infláveis, mas existem também os modelos semi-rígidos (articuláveis e não articuláveis).

O implante inflável, após implantado, não é perceptível a olho nu. A aparência do pênis em seu estado flácido é relaxada e normal, ou seja, não dá para notar quando se olha para um homem que possui implante que ele a possui.”A ereção acontece quando o homen infla os cilindros (hastes) implantados no corpo cavernoso do pênisapertando a bomba colocada no testículo. Neste caso, é possível controlar a firmeza do pênis pressionando a bomba até a obter a ereção desejada”, explica Neto. “Neste caso, o pênis apresenta uma ereção controlada e natural”, completa.

Homens que utilizam o implante semi-rígido articulável, para ter uma ereção, precisam segurar o pênis e movê-lo para a posição desejada. Após a relação sexual, é preciso retornar o pênis manualmente para a posição anterior. Se o implante for um não articulável, o pênis fica na posição ereta todo o tempo. “Quem tem um implante deste tipo deve evitar inconvenientes, usando roupas mais folgadas e tomando outros cuidados relacionados ao convívio social, para não ser mal interpretado pelas pessoas”, destaca o urologista.

Os implantes, escolhidos de acordo com cada anatomia, são do tamanho do pênis em ereção, não aumentam nem diminuem o membro normal. “Recentemente, nos EUA, foi lançado uma prótese que promete aumentar de um a dois centímetros o tamanho do pênis. No congresso que participei em Miami sobre o tema há um mês, foi explicado que o que acontece, na verdade, é que ela ‘estufa’ a glande do pênis na hora da ereção. Minha opinião é de que qualquer apelo comercial no sentido de estimular o aumento peniano é desnecessário. Esta prática é proibida no Brasil”, conta Neto. “Não é necessário que o pênis seja grande para estimular a mulher sexualmente. Mesmo porque, o comprimento da vagina varia entre 10 cm e 15 cm na excitação, o que significa que, no caso de um pênis muito grande, fica metade fora do corpo da mulher.Este tema é mais um mito do que qualquer outra coisa”, completa.

Ereção não é sinônimo de libido

Francisco Costa Neto faz questão de destacar as diferenças entre ereção, libido (desejo sexual), ejaculação e orgasmo. “Um homem pode ter uma ereção, mas não ter nenhum desses outros três componentes, tão importantes para uma relação sexual de qualidade”, explica. O médico diz isso para explicar que a colocação de um implante não garante o prazer. “Por isso, é importante que em paralelo sejam considerados outros aspectos. Em muitos casos, homens com Disfunção Erétil, independentemente de terem ou não um implante peniano, precisam de uma reposição hormonal fisiológica ou de medicamentos que irão estimular o prazer e ampliar as chances de uma relação completa”, detalha.

Para exemplificar esta questão, ele cita o caso de um homem que chegou ao seu consultório já com o implante peniano mais avançado em termos de tecnologia, mas que não tinha vontade de se relacionar sexualmente porque não tinha libido. “Neste caso específico, não podíamos repor a testosterona ‘perdida’ para estimular a libido porque o paciente estava em tratamento de um câncer avançado e, como este hormônio ‘alimenta’ as células cancerígenas ativas, o nível do hormônio precisa permanecer baixo, a fim de evitar a expansão da doença”, diz.

Importante

Urologistas podem prescrever qualquer um dos tipos de implantes, de acordo com o que consideram mais adequado para o tratamento de seus pacientes. No entanto,os planos e seguradoras de saúde, de modo geral, têm se negado a cobrir os implantes infláveis, pelo seu custo maior se comparado aos semi-rígidos. A boa notícia é que, em todo o Brasil, através de ações judiciais contra as seguradoras, os pacientes que requerem o custeio deste tipo de implante tem conquistado este direito. “A jurisprudência está favorável neste sentido, pelo que temos observado”, comenta o diretor da Clínica do Homem.