Glória Perez inclui na trama tráfico internacional de gays para prostituição no exterior

Genilson Coutinho,
22/03/2013 | 13h03

O capítulo da novela Salve Jorge que foi ao ar ontem, quinta-feira, mostrou a aprendiz de vilã, Rosângela (Paloma Bernardi) introduzir outra modalidade de tráfico humano para a prostituição. Ela ilude o gay ( Rafael Vales) convidando ele para fazer show no exterior, quando chega á Turquia, o rapaz  percebe que não existe show algum e que na verdade é para ser prostituto na Itália.

O tema ganhou espaço nas mídias sociais e gerou  polêmica em relação ao destino e ao gênero das pessoas envolvidas que na prática homens seguem a  Espanha e Suíça as mulheres transexuais tem como destino Itália, Suíça e Espanha, especialmente Barcelona.  Ao que parece a novela cometeu um equivoco colocando em cena um home gay, desconsiderando que as principais vitimas desse comércio são as mulheres transexuais. Muitas delas preferem essa vida no exterior que viver sendo discriminadas no Brasil.

Professor de História, militante gay Ricardo Santana, 34 anos é categórico em afirmar que essa situação diz respeito especialmente ao gênero feminino. “Éfantasioso falar de tráfico de gays, tira da cena as maiores vitimas que são as travestis e transexuais negras” disse o professor. “Elas são mais vulneráveis porque existe o “sonho de Milão” e acabam sendo presas fáceis” conclui.

Um caso verídico. A baiana R.S.M, 36 anos, dos quais 6 deles  em Barcelona conta que foi para a Europa a convite de uma amiga que já estava lá e não pagou por isso. Segundo ela no Brasil o preconceito ainda é muito grande e na Europa as perspectivas de vida são melhores que em sua terra natal. Ainda de acordo com a transexual a vida real é muito diferente da ficção e que todos já sabem do possível destino. “Elas já vêm sabendo como a coisa funciona e de uns anos pra cá a Polícia intensificou a vigilância com relação à exploração de grupos hoje uma denuncia de exploração sexual da cadeia aqui” declarou. Ainda de acordo com informações a pessoa interessada na viagem se compromete em pagar de cerca de 10 mil reais, incluindo passagem e um local “ponto” para trabalhar, mas o que acontece é que muitas vezes essa história nunca termina em confusão e até mesmo violência. “Algumas se comprometem em pagar o preço estabelecido e quando chegam ameaçam com denuncias e coisas ficam bem pesadas. A maioria já sabe o que vem fazer aqui cabe a cada uma traçar o seu caminho”, conclui.

O primeiro a ser traficado será o personagem do ator Marcos Baô

A história da transexual sergipana, R.A, 28 anos que há quatro anos trabalha como profissional do sexo em Barcelona indica que ela não pagou e nem foi traficada, foi trabalhar por intermédio de uma amiga que também já morava naquela cidade. “Não paguei nada, cafetinagem è crime. Vivo de meu corpo porque tenho esse direito”, declarou. Perguntada quanto custa uma sessão de massagem, ela respondeu que atente ao preço de 100 euros, cerca de 300 reais. Ela reconhece que existem pessoas que facilitam a viagem, porém quem aceita só tem duas opções, “ ou paga ou morre”, alertou. “Aqui na Europa os homens nos tratam com veneração e muito carinho”, conclui a Sergipana. As iniciais foram utilizadas para preservar a identidade das informantes.

Por Marcelo Cerqueira

Presidente do GGB