GGB denuncia falta de patrocínio da iniciativa privada à Parada Gay

Genilson Coutinho,
24/08/2011 | 09h08

De acordo com estimativas do Grupo Gay da Bahia (GGB), baseadas no Relatório Kinsey, os homossexuais representam cerca de 10% da população brasileira. Transformados em números somam quase vinte milhões de consumidores, mais de 300 mil em Salvador, um milhão no Estado da Bahia.  Grande maioria dos gays e lésbicas são solteiros, e quando formam uniões estáveis,  dobram a renda. Pesquisas em sites LGBT mostram que mais da metade dos gays ganham de 8 a 10 salários mínimos e costumam gastar com viagens, bebidas, aparelhos de informática, serviço de telefonia, cultura e roupas de grife.

Mesmo que pesem todos esses comportamentos consumistas do “pink money”, considerados interessantes para o mercado econômico, a comunidade homossexual  ainda está longe de merecer  a simpatia de empresas  que não dão  apoio à luta contra a homofobia.  Esta é a constatação do Grupo Gay da Bahia (GGB) que fez diversas iniciativas de captação de apoio junto ao empresariado baiano, sem sucesso. A entidade enviou seu projeto de apoio e patrocínio para diversos segmentos empresariais, incluindo empresas que já têm tradição em apoiar eventos populares no Carnaval e Festejos de São João, entre elas a Vivo, GVT, Petróleo Ipiranga e Ambev e os Shoppings  Iguatemi, Salvador e Paralela.

O GGB pretende começar  uma campanha nacional  em 2012 para que homossexuais só busquem consumir produtos e serviços de empresas que tenha valor social acrescido ao seu produto. “Esse valor para nós é o combate a homofobia”, declara Luiz Mott, fundador do GGB.  “Empresários brasileiros são muito preconceituosos e pouco antenados com este mercado cor de rosa, diferentemente do que ocorre em  Nova York, São Francisco, Amsterdã, Roma, por isso, estão perdendo um rico nicho de consumidores com alta renda” conclui Mott.

Muitos homossexuais atravessam o oceano para fazer compras em outros paises ou saem de suas regiões e vão para o sudeste do Brasil onde já existem iniciativas tímidas de apoio e patrocínio ao combate a homofobia. Esta mesma opinião é compartilhada pelo jornalista Lukitto do site Farofa Digital em Salvador. “Nosso poder aquisitivo é significativamente alto para uma cidade do Nordeste. Infelizmente para o brasileiro, o que é bom, vem de fora. Mas podemos mudar essa visão de nossa cultura de consumo” defende.

O GGB considera que essa homofobia empresarial decorre de certa visão estereotipada e preconceituosa de muitos executivos que ainda não se deram conta do potencial econômico destes 10% de brasileiros pertencentes à comunidade LGBT.  Isso dificulta que eles abram os olhos para esse imenso mercado consumidor de brasileiros homossexuais.  Um campanha bem feita de boicote a alguma firma  homofóbica é pesadelo que nenhum empresário gostaria de enfrentar.