Fernanda Tourinho diretora do teatro Jorge Amado fala ao Dois Terços;Confira aqui

Genilson Coutinho,
26/07/2012 | 21h07

Às vésperas da celebração dos 15 anos do Teatro Jorge Amado, a nossa equipe conversou com  Fernanda Tourinho, diretora do Teatro, que nos contou um pouco sobre a relação do povo baiano com o teatro e da procura de grandes espetáculos por pautas face ao sucesso da casa. Fernanda também falou sobre preconceito e da programação de aniversário do teatro que terá início no dia 9 de agosto, com diversas atrações e muitas surpresas. Tudo em nome da arte.

Dois Terços: A comunidade teatral e a sociedade baiana lutaram para manter vivo esse patrimônio material dos baianos  quando da triste notícia do possível fechamento em 2010.  Passado essa fase, como tem sido a relação dos soteropolitanos com a casa?

Fernanda: Os soteropolitanos têm uma relação de pertencimento com o Teatro Jorge Amado. Ligam, procuram saber da programação, interagem nas redes sociais, opinam, prestigiam. Desde o segundo semestre de 2010, no auge da turbulência, o público cresceu. Perguntam pela situação do teatro, se manifestam favoravelmente.

DT-Os principais espetáculos da cidade e do Brasil lotam a casa todos os finais de semana. Como tem sido administrar toda essa demanda face o crescimento da cena cultural em Salvador?

Fernanda: De fato existe uma demanda muito maior do que a que podemos atender. O TJA tem ampliado seus horários, com espetáculos às quintas-feira e dois horários noturnos, de sexta a domingo. Os infantis passaram a usar as pautas matutinas, além da tradicional sessão vespertina, tanto aos sábados quanto aos domingos. Buscamos soluções para acolhimento de todos. Sentamos à mesa e vamos adaptando mapas de luz, de cenário, de modo a “caber”, com qualidade, um maior número de espetáculos. É muito trabalho, há espetáculos que têm 15 minutos entre um e outro. Treinamos a técnica para este know-how e hoje temos uma equipe afinadíssima.

 DT-Todo Mundo tem problemas sexuais e Renato Piaba são alguns dos espetáculos  mais procurados nos finais de semana. A senhora acredita que o baiano tem ido com mais frequência ao teatro nos últimos anos?

Fernanda: O espetáculo baiano comercial evoluiu muito em qualidade profissional. As comédias são os espetáculos favoritos do público que busca entretenimento e emoção positiva. Mas o público baiano de teatro sempre esteve entre os três maiores do Brasil, desde 1995. Inclusive muitos espetáculos nacionais passaram a pedir pauta de temporada (3 semanas no mínimo) de olho nesta estatística e neste filão interessante para o mercado de trabalho deles. Mas, na contramão desta história, vem os problemas da cidade como falta de transporte à noite, trânsito caótico às quintas e sextas impedindo o público de chegar no horário, falta de segurança pública, etc, que desestimulam o público a decidir por este programa.

DT-A comunidade LGBT, em especial os organizadores dos concursos de beleza gay, reclamam que há um preconceito muito grande por parte dos administradores dos teatros quando a solicitação de pauta se destina a um evento gay. Como a senhora ver esse posicionamento desses gestores?

Fernanda: Em 15 anos recebemos uma única solicitação de pauta para  concurso de beleza gay e combinamos a data imediatamente. O Miss Universo G 2011. Evento lindíssimo e muito criativo. O único “senão” foi não terem respeitado o horário estabelecido no contrato. O evento não começou às 20h e só terminou às 2h da manhã. Mas são detalhes técnicos e de produção que em nada se relacionam aos participantes do evento.

DT-Em agosto o teatro vai viver dias de debutantes com uma super programação para marcar os 15 anos de história em prol da cultura em Salvador. Nos conte um pouco dessa programação.

Fernanda:Optamos por comemorar os 15 anos do TJA elegendo uma série de espetáculos que pudessem destacar a diversidade de nossa programação.  Esta sempre foi uma marca de nosso espaço cultural e a razão de nosso sucesso. Assim convidamos o Quinteto de Sopros do Projeto Neojibá para, no dia 6, reviver um antigo projeto nosso, o “Segundas Clássicas”. Na terça (7), receberemos o BTCA com uma nova coreografia e que estará representando os inúmeros espetáculos de dança que anualmente recebemos. Quarta-feira (8) será o dia do Colégio Villa-Lobos realizar pela décima vez conosco o Festival Cantavilla. Representarão as dezenas de escolas que nestes 15 anos investiram na qualidade de suas propostas pedagógicas de arte, abrindo um novo mercado para os nossos profissionais de dança, teatro, música e artes plásticas e também dos técnicos de som, luz e contraregragem.

No dia 09, a festa contemplará a música popular. Alexandre Leão, grande amigo da casa, sob a direção de Andrezão Simões, receberá convidados e nos ajudará a cantar parabéns.

O teatro estará muito bem representado por dois dos maiores sucessos de bilheteria do TJA: Luís Miranda se despede do fenômeno 07 Conto e Renato Piaba encerra a temporada de inverno do show de humor mais procurado da cidade.

Teatro infantil é também um diferencial doTJA e a criançada poderá curtir a valer as aventuras de um amado desenho animado: o Bob Esponja!

Adolescentes se encantarão com a superprodução “Moulin Rouge”, comemorando o sucesso do projeto A escola vai ao teatro em nossa casa.

E com o Tributo a Clara Nunes, dias 15 e 16/08, celebrando o 70º natalício desta inesquecível cantora, faremos rolar um bate-papo entre Vagner Fernandes, autor de sua biografia, e personalidades da Bahia e do Rio, ligadas a ela. Tudo para culminar com o inusitado show da Banda Mametto, lançando seu novo projeto “Mametto Canta Clara”.