Entidade de defesa dos homossexuais critica Serra por fala sobre ‘kit gay’

Genilson Coutinho,
14/10/2012 | 21h10


O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, publicou neste domingo uma carta aberta ao candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, na qual pede que o tucano “não manche sua biografia” nem “rife os direitos” dos gays usando a causa dos homossexuais para “gerar polêmica em época eleitoral”.
A carta é uma resposta da ABGLT a entrevistas dadas por Serra aos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, nas quais disse que o kit anti-homofobia feito pelo Ministério da Educação durante a gestão de Fernando Haddad (PT) tem “aspectos ridículos e impróprios” e se trata de “doutrinação e malfeito”.
“Peço, para uma boa política comprometida com o respeito a toda a população, como tem sido a marca de sua atuação nos cargos que ocupou, que continue dando ênfase à promoção indiscriminada da cidadania e da inclusão social, e que a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) não seja utilizada para gerar polêmica em época eleitoral, ou em qualquer outra época. Isto só serve para validar, banalizar e incentivar a homofobia e manter a esta população à margem da cidadania. Prezado José Serra, não manche sua biografia. Não rife nossos direitos”, diz a carta.
No texto, o ativista diz que Serra sempre foi um político comprometido com o combate ao preconceito desde o período em que ocupou o Ministério da Saúde, “grande defensor dos direitos humanos” e lista as realizações do tucano na área.
Na sequência, Reis classifica as opiniões recentes de Serra sobre o kit anti-homofobia como “uma manifestação do legítimo pré-conceito” já que, ao contrário do que diz o tucano, a aprovação do kit não foi uma decisão isolada de Haddad. Antes de ser distribuído pelo MEC, o material foi aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia, Unesco, Unaids, Ministério Público e Ministério da Justiça. Reis contesta ainda declarações de Serra de que o material é impróprio para crianças citando as faixas indicativas de cada item do kit.
Além disso, o ativista lembra que o Supremo Tribunal Federal, que tem condenado líderes petistas pelo escândalo do mensalão, recentemente reconheceu direitos dos homossexuais.
O kit anti-homofobia virou tema da campanha em São Paulo desde que o pastor evangélico Silas Malafaia declarou apoio ao tucano com uma série de vídeos distribuídos pela internet nos quais ataca Haddad pela distribuição do material.
Na eleição municipal de 2008 a ABGLT divulgou uma nota crítica à então candidata do PT à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, por causa de um vídeo no qual questionava a sexualidade do adversário Gilberto Kassab.
Fonte: Folha de São Paulo