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Em novo livro, Renan Quinalha recupera a história do movimento LGBTI+ e reflete sobre os desafios para o ativismo na atualidade

Genilson Coutinho,
27/06/2022 | 10h06

A luta pela diversidade sexual e de gênero enfrenta atualmente um de seus maiores desafios. O moralismo autoritário e conservador exige uma ação política contínua para dar prosseguimento aos avanços inclusivos de uma parcela da humanidade. O chamado para essa mobilização assertiva e ativa é a principal contribuição de Renan Quinalha em Movimento LGBTI+: uma breve história do século XIX aos nossos dias, lançamento de junho da Autêntica Editora.

Reconhecido como referência em estudos da diversidade sexual e do gênero, o autor, professor de direito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) faz um levantamento do processo histórico desses movimentos no Ocidente, especialmente em países como Alemanha, Estados Unidos e Brasil. Com linguagem acessível para iniciantes e também com conteúdo para quem deseja se aprofundar nessa luta emancipatória, o autor utiliza conceitos para opinar sobre a questão identitária, a politização e o engajamento necessário para o futuro.

“Este livro pretende compartilhar reflexões teóricas e historiográficas, mas, sobretudo, coloca-se como um convite à ação política e à luta por igualdade, diversidade e democracia. Em tempos de autoritarismos e conservadorismos morais, nada como a história para nos ensinar e inspirar nas resistências do presente”, afirma o autor.

Movimento LGBTI+: uma breve história do século XIX aos nossos dias é uma publicação da Coleção Ensaios, coordenada por Ricardo Musse, professor de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP).

LANÇAMENTO
Em 29 de junho, Renan Quinalha fará o lançamento do livro em Salvador. O evento acontecerá a partir das 19h, na Livraria LDM, no Shopping Bela Vista (Alameda Euvaldo Luz, 92, L2, Asa Sul, Salvador/BA). Haverá um bate-papo com o ator, escritor e criador de conteúdo Deko Lipe, seguido de sessão de autógrafos.

AVANÇOS RECENTES SÃO RESULTADOS DE DÉCADAS DE LUTA
Movimento LGBTI+ está dividido em três partes. Na primeira, o autor desenvolve uma introdução às principais questões conceituais do campo do gênero e da sexualidade, apresentando um panorama explicativo dos conceitos que servirão, em seguida, de ponto de partida para interpretar as estratégias e as agendas de mobilizações LGBTI+ no mundo e, particularmente, no Brasil.

Na segunda parte, é feito um recorte histórico de ações marcantes dentro da conjuntura ocidental, começando com um capítulo específico sobre a Alemanha como epicentro do protoativismo de fins do século XIX no contexto de afirmação de uma identidade homossexual, seguido da emergência do ativismo nos Estados Unidos após a Segunda Grande Guerra, com destaque ao pioneirismo dos grupos homófilos da década de 1950 e, mais especialmente, aos coletivos que surgiram a partir da Rebelião de Stonewall. O evento histórico, ocorrido em 28 de junho de 1969 – e que acabou dando origem ao Dia Internacional do Orgulho Gay –, é claro em importância e influência, mas sua interpretação como “mito fundador” do ativismo LGBTI+ é discutida pelo autor, que insere o acontecimento em um quadro mais amplo das condições culturais e políticas norte-americanas da década de 1960.

O movimento LGBTI+ brasileiro ganha visibilidade no último capítulo. Tomando o conceito de “ciclos” em vez de “ondas”, Quinalha busca historicizar o desenvolvimento das principais bandeiras, sujeitos e organizações do ativismo organizado no país.

SOLIDARIEDADE É ESSENCIAL PARA PROCESSO EMANCIPATÓRIO
Na terceira e última seção de Movimento LGBTI+: uma breve história do século XIX aos nossos dias, Renan Quinalha une as duas partes anteriores, conceituais e históricas, para opinar como ativista da causa LGBTI+. Nessas páginas, ele sublinha que o caráter revolucionário LGBTI+ deve compreender uma política de solidariedade e de influências recíprocas com movimentos de outros grupos subjugados, como mulheres, negros e classes econômicas desfavorecidas, em busca de catalisar forças sociais para eliminar desigualdades sociais básicas. A obra, nesse sentido, é um convite para a ação política que lute por um mundo com mais igualdade, diversidade e democracia.

SOBRE O AUTOR
Doutor em Relações Internacionais e mestre em Teoria Geral e Filosofia do Direito pela USP, Renan Quinalha é professor de Direito e Coordenador Adjunto do Núcleo Trans da Unifesp. É membro do Conselho de Orientação Cultural do Memorial da Resistência de São Paulo e da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Diversidade Sexual e de gênero da OAB-SP. Como Visiting Research Fellow no Watson Institute da Universidade Brown (EUA), pesquisou a violência contra a população LGBT no Brasil.

Autor de livros como Contra a moral e os bons costumes: a ditadura e a repressão à comunidade LGBT (Companhia das Letras, 2021) e Justiça de Transição: contornos do conceito (Outras expressões, 2013), também co-organizou as obras Ditadura e homossexualidades: repressão, resistência e a busca da verdade (EdUFSCar, 2015) e História do Movimento LGBT no Brasil (Alameda, 2018). Tem engajamento no ativismo LGBTI+, escreve regularmente para grandes veículos na imprensa e possui larga experiência em palestras e workshops sobre diversidade e inclusão.