Efeminados

Genilson Coutinho,
07/01/2012 | 15h01

O personagem Crô causa no horário nobre

Alguns de nós nascemos efeminados, ou afeminados, com uma natureza
mais suave, muitas vezes, refletindo-se no próprio corpo, em traços
mais delineados, lábios grossos ou gestos delicados. Os efeminados são
rejeitados desde cedo e convivem com a equivocada relação entre
feminilidade e homossexualidade. Apesar de os gays se mostrarem menos
presos às amarras dos padrões de comportamento masculino, existem
homens naturalmente efeminados e nem por isso orientados sexual e
afetivamente para as pessoas do seu mesmo sexo.

O comportamento efeminado se destaca entre os gays, independe de
fronteiras e se espalha pelo mundo inteiro. Entre nós, existem aqueles
que realmente procuram se fazer femininos, por um desejo latente de se
comportar como as mulheres. Outros, simplesmente, são o que são e não
veem motivos para se enquadrarem às expectativas dos outros.

A mais nova polêmica trazida à tona pelo antropólogo Luiz Mott foi a
lista de conselhos aos gays para promoverem uma imagem positiva dos
homossexuais e colaborarem para a desconstrução dos estereótipos que
nos perseguem. Mott recomenda que gays se comportem abertamente como
gays, que revelem sua homossexualidade sempre que possível e rebatam
informações equivocadas sobre o tema; que sejam solidários e
defendam-se uns aos outros; que namorem e manifestem carinho em
público, notadamente diante das novas gerações, para que se habituem a
novos arranjos afetivo-sexuais.

Quando o professor recomendou que se “adote postura, poses e gestos
que revelem a olho nu que é homossexual”, a polêmica se instalou e o
assunto se esvaiu para a feminilidade, entendendo-se que ela se
confunde com a afetação tão familiar aos gays e tão revolucionária à
medida que desafia o machismo e constrói um novo jeito de ser homem: a
“pinta”.

O assunto desperta paixões e divide opiniões entre os que sonham com
gays heterossexualizados que não exponham sua orientação sexual quando
a seu lado, e os que se sentem rejeitados por sua feminilidade e
defendem seu direito de ser natural. Seja como for, a iniciativa, nos
moldes das campanhas inglesas “promote homosexuality”, busca reverter
a ideia de que a apologia da homossexualidade seja ruim. O que é bom.

Camisinha sempre!

Por

Oswaldo Braga

Jornalista gay, vivendo em Brasília. Envolvido com a luta dos direitos humanos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Atuação nos movimentos sociais e na imprensa.

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