Du Loren se aproveita da fragilidade social de homossexuais

Genilson Coutinho,
01/08/2011 | 09h08

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) divulgou nota de repúdio à notícia de que a Du Loren deve lançar campanha publicitária estrelando o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). Para a associação, a empresa que fabrica roupas íntimas vai se enveredar pelo caminho que trilha o parlamentar: “se valer da fragilidade social de milhões homossexuais para repercutir na mídia”.

A ABGLT classifica a campanha que a Du Loren pretende lançar como de “péssimo gosto” e também lamenta a notícia de que Bolsonaro só aceitou participar porque a transexual Ariadna, ex-participante do programa BBB, não participará mais da campanha. Na propaganda, será dito “esse kit ele (Bolsonaro) aprova”, em contraposição ao kit Escola Sem Homofobia.

A notícia de que a indústria Du Loren pretende colocar o deputado federal Jair Bolsonaro como garoto-propaganda de uma linha de calcinhas traz inconformismo e revolta ao segmento de pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis), por se tratar de um político que usa seu ódio aos homossexuais como “vitrine” para conseguir espaço na mídia.

Para nossa decepção, parece-nos que a Du Loren também pretende enveredar pelo mesmo caminho das posturas infelizes do deputado: o de se valer da fragilidade social de milhões de brasileiros homossexuais para repercutir na mídia uma campanha publicitária de péssimo gosto. “O kit é necessário, entre outras razões, porque as pesquisas mostram que em torno de 70% das pessoas LGBT já foram discriminados em algum momento da sua vida e 20% já sofreram violência física em função de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero. Com essa campanha a Du Loren estará colaborando para manter ou até piorar este quadro sombrio e para reforçar a linha de pensamento machista, racista e homofóbico do deputado Bolsonaro”, diz a ABGLT.

Ao Terra Magazine, o presidente da Du Loren, Roni Argaliji, declarou que a opinião de Bolsonaro tem que ser respeitada. “Não é só ele que pensa desta maneira. Tem muita gente que o segue, tanto que é deputado, foi eleito”, disse. Ele também elencou uma série de campanhas da Du Loren que chocavam por outros aspectos, como uma que defendia o aborto. E disse que um possível boicote à Du Loren é “coisa de quem tem QI de ameba”. “Isso é iniciativa de gente que não tem opinião. Só porque eu, Roni, sou a favor ou sou contra ou não tenho opinião a favor ou contra vão me boicotar? Isso é coisa de gente com QI de ameba, gente burra, gente ignorante que não tem o que fazer”.

Confira a íntegra da nota da ABGLT:

NOTA PÚBLICA DE REPÚDIO DA ABGLT À DU LOREN

A notícia de que a indústria Du Loren pretende colocar o deputado federal Jair Bolsonaro como garoto-propaganda de uma linha de calcinhas traz inconformismo e revolta ao segmento de pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis), por se tratar de um político que usa seu ódio aos homossexuais como “vitrine” para conseguir espaço na mídia.

Para nossa decepção, parece-nos que a Du Loren também pretende enveredar pelo mesmo caminho das posturas infelizes do deputado: o de se valer da fragilidade social de milhões de brasileiros homossexuais para repercutir na mídia uma campanha publicitária de péssimo gosto.

Nossa indignação torna-se ainda maior quando se lê – conforme notícias publicadas pelo jornal ‘O Globo’ e pela revista ‘Exame.Com’ – que a Du Loren retirou a transexual Ariadne, para conseguir que o deputado Bolsonaro concorde em aparecer na campanha, onde ele dirá que “esse kit ele aprova” (referência ao “kit anti-homofobia”, que está em discussão no Ministério da Educação).

Caso a Du Loren não saiba, o Kit Escola Sem Homofobia é uma ferramenta educativa do projeto Escola Sem Homofobia e foi construído exaustivamente por especialistas, com constante acompanhamento do Ministério da Educação, e com base em dados científicos. Peça fundamental, portanto, para ajudar a desconstruir o preconceito por parte de estudantes contra pessoas homossexuais.

O Kit é necessário, entre outras razões, porque as pesquisas mostram que em torno de 70% das pessoas LGBT já foram discriminados em algum momento da sua vida e 20% já sofreram violência física em função de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero. Com essa campanha a Du Loren estará colaborando para manter ou até piorar este quadro sombrio e para reforçar a linha de pensamento machista, racista e homofóbico do deputado Bolsonaro.

29 de julho de 2011

ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais