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Divina Valéria ganha biografia

Genilson Coutinho,
16/09/2021 | 12h09
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Desde 1964, quando estreou como cantora na noite carioca, Divina Valéria é uma das artistas travestis mais conhecidas e respeitadas do Brasil. Antes de completar vinte anos, já era uma das estrelas do aclamado espetáculo “Les Girls”, com o qual viajou por várias cidades brasileiras e também pelo Uruguai. Em 1970, chegou na França, onde rapidamente se tornou uma das principais atrações das emblemáticas casas noturnas Carrousel de Paris e Chez Madame Arthur. E era só o começo. Entre Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Montevidéu, Paris, Roma, Berlim e até no Japão, Valéria cantou muito, emocionou plateias, amou demais e viveu intensamente. Essa trajetória é apresentada na biografia “Divina Valéria”, fartamente ilustrada e repleta de histórias e curiosidades de quase seis décadas de carreira narradas pela própria artista a Alberto Camarero e Alberto de Oliveira autores da obra .

Foto: Genilson Coutinho

“Divina Valéria” é o terceiro livro da dupla de historiadores Os Albertos (Alberto de Oliveira e Alberto Camarero).

Trata-se da biografia da cantora e atriz Divina Valéria, uma das artistas travestis mais conhecidas e respeitadas do Brasil.

Em 176 páginas fartamente ilustradas, os Albertos apresentam histórias, fotografias e relatos que reconstituem as quase seis décadas de sua trajetória artística, iniciada profissionalmente em 1964 e que teve como palco não apenas o Brasil, mas também diversos países da América Latina e da Europa e até o Japão!

A vida da estrela:

Em 1964, aos vinte anos de idade, Divina Valéria iniciou sua carreira artística cantando em boates no Rio de Janeiro.

Pouco depois, foi chamada para integrar o elenco do espetáculo “International Set”.

Em seguida, esse mesmo elenco estrelou o musical “Les Girls”, de Mário Meira Guimarães. “Les Girls” foi um espetáculo pioneiro no gênero ao reunir um elenco inteiro de travestis interpretando personagens femininas.

“Les Girls” foi um grande sucesso de público e crítica. Dali, além de Valéria, surgiram outras artistas que ficaram famosas no Brasil e no mundo, entre as quais Rogéria, Brigitte de Búzios e Marquesa. Depois do Rio de Janeiro, “Les Girls” foi para São Paulo e também para o Sul do país.

Entre os frutos de “Les Girls”, Valéria lançou um disco compacto com as músicas que cantava no espetáculo.

Foi também viajando com “Les Girls” que Valéria viajou pela primeira vez para Montevidéu, onde alcançou grande sucesso e se tornou uma celebridade da noite uruguaia.

Em 1969, viajou para a Espanha, onde atuou em boates e no teatro de revista.

Na Espanha, conheceu a artista transexual Coccinelle, que, impressionada com seu talento, lhe deixou uma carta de recomendação para o cabaré Carrousel de Paris, uma famosa casa de shows de transformismo.

Valéria viajou a Paris e logo estava contratada para cantar todas as noites no Carrousel e também no Chez Madame Arthur.

Em 1970, passou a integrar a trupe itinerante do Carrousel, com a qual viajou por toda a Europa e alguns países da Ásia, entre os quais o Japão, onde passou uma longa temporada.

De volta ao Brasil em 1972, Valéria causou grande alvoroço.

Embora pretendesse passar apenas um mês no Brasil, recebeu propostas de trabalho irrecusáveis e ficou no país durante anos, estrelando espetáculos como “Misto-quente”, com Agildo Ribeiro e Pedrinho Mattar; “Um homem e uma mulher”, com Luís Carlos Miele; “Flávio Confidencial”, com Flávio Cavalcanti; “Frescura também é cultura”, com Pery Ribeiro, e “Frescuras”, com Jane Di Castro e direção de Lennie Dale, entre outros.

Valéria voltou a Montevidéu no final dos anos 1970 e, finalmente, a Paris.

Além de integrar o elenco fixo do Carrousel de Paris e viajar com sua trupe até seu fechamento, no final dos anos 1980, Valéria trabalhou em todas as grandes casas noturnas de Paris, como Alcazar, Rocambole, O Brasil e Chez Plumeau.

Valéria morou em Paris até 2005, mas manteve o hábito de voltar ao Brasil todos os anos, geralmente entre o início do verão e o Carnaval.

No Brasil, costumava passar bastante tempo em Salvador, onde se tornou a grande estrela do tradicional Bloco do Jacu e estrelou o espetáculo “Ema Toma Blues”, com texto de autoria de Aninha Franco.

Desde 2006, Valéria passa a maior parte do tempo morando no Brasil, em São Paulo ou em Salvador, mas continua a viajar pelo mundo frequentemente.

Em 2017, estreou o documentário “Divinas Divas”, de Leandra Leal, focalizando as artistas travestis brasileiras da geração de Valéria.

“Divinas Divas” foi um grande sucesso de público e de crítica, muito premiado em festivais, e uma consagração absoluta de suas protagonistas, que viajaram pelo Brasil e pelo mundo fazendo sua divulgação.

No ano seguinte, Valéria foi a representante do filme em seu lançamento no Japão. Recebida como uma grande estrela internacional, foi entrevistada pelos principais veículos de comunicação locais e realizou algumas apresentações para divulgar o longa-metragem.

A partir de “Divinas Divas”, Valéria passou a se dedicar ao cinema e participou de vários filmes.

“Marie”, de Leo Tabosa – que lhe valeu um Kikito no Festival de Gramado em 2018, entre outros prêmios; “Lili e as Libélulas”, de René Guerra, e “A senhora que morreu no trailer”, dos Albertos (Alberto Camarero e Alberto de Oliveira) são alguns deles.

No início de 2020, o espetáculo “Divinas Divas” foi definitivamente consagrado ao ser apresentado no palco do Theatro Municipal de São Paulo como parte da programação do Festival Verão Sem Censura.

Com mais de cinquenta anos de carreira artística, reconhecida mundialmente, Valéria continua a brilhar nos palcos cantando e encantando seu público.

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