Ditadura gay, papo de casais e etiqueta – Por João Barreto

Genilson Coutinho,
29/08/2011 | 10h08

Nesta coluna, resolvi fazer algo diferente porque, como vocês sabem, jornalista sem leitor também fica sem salário e demais benefícios. Então, desta vez, não vamos discutir homofobia ou responsabilidade socioambiental. Vamos, no lugar, discutir etiqueta para conseguir espaço em um mundo dinâmico, populoso, de pouca infraestrutura e, geralmente, deseducado.

O que você faz quando chega com o seu namorado/parceiro/etc. em um restaurante e não tem lugar para sentar? E agora? Como comprovou matéria dOGlobo publicada no dia 24 de agosto, ou quarta-feira da semana passada, basta dar um belo beijo no moço – ou na moça. Funciona melhor, não sei o porquê, para casais homossexuais. Aguardamos estudos para comprovar porque a tendência é tendência. Por enquanto, sabe-se que, embora os frequentadores heterossexuais não sejam necessariamente homofóbicos como declaram não ser, eles se levantam e vão embora. Assim, há liberação de mesas e pronto: você conseguiu um par de lugares para se divertir naquela noite com a sua alma-gêmea.

Se os proprietários do estabelecimento tiverem interesse em dinheiro e em qualquer dinheiro, inclusive o pinkmoney, eles hão de receber o casal homossexual tão bem quanto recebem os casais heterossexuais. Caso haja dúvidas se o estabelecimento é gay friendly ou não, deixe para beijar um pouco antes de pedir a conta – presumindo que havia mesas disponíveis quando vocês chegaram naturalmente).

Se você está em um relacionamento (estável, instável, colorido, preto & branco, em escalas de cinza, tanto faz), quando estiver no shopping com o seu parceiro do mesmo sexo, não encare casais heterossexuais que demonstrarem afeto publicamente. Por mais incompreensível que seja para você um homem e uma mulher juntos de mãos dadas ou se beijando, encarar as pessoas por serem diferentes é feio. E, fundamentalmente, não arregale os olhos. Cria rugas de expressão. É melhor envelhecer com rugas de sorrisos do que de estupefação, não é mesmo?

No cinema, quer sentar mais para o meio da fila mas chegou um pouco em cima da hora? Sente no primeiro espaço duplo que conseguir na fila escolhida e vá beijando o seu parceiro até ocupar o local que pretendiam de início. É como desmatar para criar pastagem para gado: as árvores da frente primeiro. Essa é, pois, uma variação da estratégia de como conseguir lugar no restaurante, citada acima, no segundo parágrafo.

Pois é, amigos, a ditaduragay está chegando. Estamos buscando não paridade de direitos civis com aqueles que já têm direitos resguardados pela legislação brasileira. Estamos, além disto, buscando nos impor sobre todos os demais, porque nós somos assim… bandidos, não é mesmo, Bolsonaro, Rios & Malafaia?

João Barreto – Jornalista

 

Jornalista e mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. É analista de comunicação e cultura, especialmente de poéticas audiovisuais. Também tem interesse em desenvolvimento sustentável.

witter: @jaobarreto / Blog – http://jaobarreto.wordpress.com/