Depois da estreia na pele da misteriosa Mariah, de Amor à Vida, Lúcia Veríssimo se apresenta em Salvador com Usufruto

Redação,
13/08/2013 | 10h08

 

Quais caminhos a mente humana é capaz de percorrer para alcançar seus propósitos? Até onde esses caminhos são sadios ou ultrapassam as fronteiras da moralidade? Baseada nessas questões a atriz Lúcia Veríssimo escreveu seu primeiro texto para o teatro. O inusitado e intrigante encontro entre uma mulher de 50 anos e um homem com trinta e poucos num apartamento vazio de frente para o mar. O espetáculo será apresentado nos dias 20 e 21 de setembro (sexta e sábado), às 22hs e dia 22 (domingo), às 20h, no teatro Jorge Amado.

Usufruto, de Lúcia Veríssimo é um espetáculo de ideias, construído com uma dramaturgia cuidadosamente burilada e uma encenação, assinada por José Possi Neto, que remete à intimidade desse encontro inesperado entre um homem e uma mulher desconhecidos.

O texto de Lúcia Veríssimo é um tributo a Roland Barthes, um dos mais importantes filósofos do nosso tempo, que definia seu próprio trabalho como o “saber com sabor”. E é desta forma que é conduzido Usufruto. “Uma bela apresentação de ideias nas quais conceitos antigos são demolidos, novas propostas são lançadas, a vida e o amor são questionados. Mas tudo é dito com sabor, com humor, com malícia e com sutileza”, afirma Lúcia.

Os diálogos são ágeis e sarcásticos, recheados de humor e malícia, onde são discutidas questões eternas sob uma ótica contemporânea: amor, casamento, paixão e ética.

Com formação em jornalismo Lúcia Veríssimo sempre escreveu, mas não pensava em dramaturgia até 2005 quando, durante as tomadas de América, surge Usufruto. “Criei a peça nos intervalos das gravações da novela, incentivada por Rafael Calomeni e Gabriela Duarte. Usufruto nasceu envolto na poeira das madrugadas, no caminhão das externas”, conta Lúcia. Coincidentemente o projeto dá continuidade no momento em que Lúcia Veríssimo volta à telinha. A atriz entrou na trama Amor à Vida na pela da misteriosa Mariah, mãe biológica de Palloma (Paola Oliveira). Uma das personagens importantes para o desfecho do folhetim. Mariah é um desafio para a atriz, que ficou longe das novelas por um tempo. Lúcia vive uma ex-bailarina que vai dar uma reviravolta na novela de Walcyr Carrasco.

Em Usufruto a história se passa num apartamento à venda. Nele se encontram uma mulher de cinquenta anos, bela, sedutora, atraente, debochada, sem limites e um jovem e promissor arquiteto, entusiasta, sonhador, apaixonado e muito conservador. Eles disputam a compra do imóvel, e ela propõe um jogo, um jogo da verdade, no qual o perdedor desiste. Essa relação reúne a universalidade à particularidade, especialmente à particularidade brasileira, onde essas duas pessoas, uma mulher misteriosa e decidida a conseguir o que quer e um jovem homem que tenta realizar um sonho jogando sinceramente. Sem jamais perder a leveza a peça é um dueto e um duelo, e seu final é surpreendente.

Lúcia Veríssimo acredita que “assim como o personagem do jovem homem, o público também deixará o teatro cheio de dúvidas e reflexões”. Essa afirmação se dá justamente pelo final inesperado e bem arquitetado. “O jogo já havia sido programado ou aconteceu durante o encontro? Esta mulher é inescrupulosa mesmo ou agiu levada pela situação? Os fins justificam os meios? Quem de fato perdeu o jogo?”, pergunta a minuciosa autora.

José Possi Neto em sua meticulosa direção apresenta o texto de uma forma envolvente, extraindo o melhor dos atores, criando um espetáculo sedutor e instigante, levando o suspense até a última cena.

Lúcia Veríssimo, atriz conhecida por seu talento e popularidade traz em seu perfil pessoal a adequação ao personagem, e o fato de ser a autora do texto, dá a certeza de que cada palavra, cada inflexão e cada intenção serão transmitidos ao público com perfeição. Seu personagem sedutor domina a cena, manipula as emoções do outro, usa sem pena sua inteligência e experiência, guardando até o final seu dolorido segredo e colocando em dúvida os conceitos que contundentemente defende no decorrer de toda a peça.

Claudio Lins cria um personagem sutil e sensível, mas ao mesmo tempo cheio de energia e certezas, que sofre, se rebela e se fragiliza ao serem questionados todos os seus ideais. Ele termina o jogo crivado de dúvidas, mas provavelmente estas irão ajudá-lo a construir uma vida mais verdadeira. “O dia vindouro ensina ao dia precedente” (Píndaro). Ele perde ou ganha o jogo proposto e também um sonho? Ele sai de cena sem perceber de imediato a extensão do jogo no qual entrou.

O cenário é de Jean Pierre Tortil, cuja criação reuniu elegância e sofisticação à funcionalidade e fluência da cena. Os figurinos e luz são complementados pelas caracterizações de Marlene Moura. Usufruto é um espetáculo que reúne um bom texto nacional, um diretor respeitado, atores conhecidos, cenário, iluminação e figurinos de extrema qualidade. É um espetáculo de excelência que se propõe a aliar o entretenimento à reflexão.

Serviço
O que: Usufruto com Lúcia Veríssimo e Cláudio Lins
Local: No teatro Jorge Amado
Quando: 20, 21 e 22 de setembro
Horários: sexta e sábado, às 22h e domingo, às 20h
Quanto: R$70 (inteira) | R$35 (meia)
Classificação: 12 anos
Informações: (71) 3525 9720 | 3525 9797