Conferência LGBT será em dezembro

Genilson Coutinho,
10/08/2011 | 13h08

Maria do Rosário disse que a intolerância não pode perdurar no Brasil

O lançamento nesta terça-feira da 2ª Conferência Nacional LGBT, que será realizada em dezembro, foi marcado pela defesa do combate à homofobia. Estavam presentes integrantes do governo federal, de governos estaduais, de entidades civis e do movimento social.

“Sabemos que o que ocorre no mundo contemporâneo, onde forças conservadoras movidas pelo ódio avançam, deve ser barrado no Brasil, porque a intolerância não deve perdurar no Brasil. O Brasil e o Estado brasileiro têm compromissos e não recuarão um só milímetro no enfrentamento dos crimes de ódio, particularmente da homofobia”, defendeu a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), responsável pela organização da conferência.

O evento tem o mote “por um país livre da pobreza e da discriminação”. Nas palavras de Rogério Sottili, representando o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República), “a 2ª conferência está muito bem marcada: é a luta contra a discriminação”.

A ausência do Congresso Nacional no debate dos direitos LGBT foi criticada por Irina Bacci, integrante do Conselho Nacional LGBT. “Nesse momento de crescimento da onda conservadora, fascista, com uma série de crimes homofóbicos, não dá para deixar de citar que há, sim, responsabilidade do Parlamento, que tem sido covarde e tímido com os direitos humanos.”

Um dos maiores desafios do movimento gay, este ano, tem sido aprovar o projeto de lei que criminaliza a homofobia, hoje na Comissão de Direitos Humanos do Senado.

Concordando com os entraves no Congresso, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) também apontou o dedo para problemas na esfera do Executivo. “Muitas vezes, o governo federal se acovarda frente a esses grupos [conservadores], que usam a questão eleitoreira para chantagear o governo”, disse.

ORGULHO HÉTERO

Bacci citou a aprovação do Dia do Orgulho Heterossexual pela Câmara Paulistana ao falar das reivindicações do movimento gay. “A gente não quer nenhum privilégio, como disse um vereador em São Paulo sobre o Dia do Orgulho Hétero, queremos direitos iguais.”

Questionados após o evento, outros participantes discordaram da aprovação do dia.

“As pessoas podem escolher os dias e fazerem, através dessas datas, o registro que quiserem. Uma Câmara Legislativa tem autonomia para isso e eu respeito. Mas, em geral, estas datas são afirmativas para aqueles setores que sofrem discriminações. Não me consta que ninguém sofra nenhuma discriminação por ser heterossexual”, disse Maria do Rosário, expressando uma visão pessoal.

O deputado Jean Wyllys foi mais enfático e tratou a aprovação da lei como “um deboche”. “É lamentável que a Câmara tenha aprovado uma lei como essa que contrarie frontalmente princípios da Constituição.” O deputado disse ter mandado uma carta ao prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD), em que pede o veto à lei.

Para o presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Toni Reis, o projeto é desnecessário e acaba estabelecendo uma “guerra boba”. Com informações da Folha

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