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Coletivo Bonecas Pretas estará no Festival da Diversidade

Herbert Gomes,
25/05/2017 | 11h05

Implodindo barreiras, derrubando forninhos…

 

Agregar a arte transformista e a luta contra o preconceito racial tornou-se o norte do Coletivo Bonecas Pretas, e foi para falar desse tema e demais “coisitas” que conversamos com Ferah Sunshine, uma das transformistas integrantes do coletivo  composto também pelas baphônicas: Alehandra Dellavega, Brendah Barbierie, Dandara Byoncé, Ita Morais, Sasha Heels, Suzzy D’Costa e Yanna Stefens. De acordo com Ferah, a ideia foi gestada em 2016, porém sua “parição” (ato de dar à luz, conceber) só concretizou há mais ou menos dois meses. Esta constelação leva ao pé da letra o sentido de DI-VER-SI-DA-DE, pois possuem o intuito de agregar transformistas com diferentes tempos de performances, com características distintas de interação com o público. “Temos na diva à andrógina, e o Coletivo é esta junção de experiências, dos que tem mais tempo, e do frescor dos transformistas mais novos”, diz Ferah.

 

Além do objetivo de agregar transformistas negras da cena soteropolitana, o Coletivo Bonecas Pretas também visa levantar discussões em torno das noções de cor/etnia e de diversidade sexual dentro do entretenimento desta cidade, e por isso “arte e militância andam juntas (Sushine)”. Ela ainda completa afirmando que a militância em torno das demandas de gênero/sexualidade e raça sempre utilizou da arte como uma forma de extravasar seus anseios, todavia, com o processo de conscientização do poder que tem em um homem em usar peruca, colocar um salto e ter um microfone  que as transformistas começaram a perceber a sua atuação como agentes revolucionárias.

“Nossa particularidade é não trabalhar com ‘shade’ (gíria usada no universo LGBT para insultar, ofender, envenenar outra pessoa), pretendemos nos espetáculos do Coletivo agregar a todos, envolver a platéia, para que tod@s os participantes sintam-se incluídos”, relata Ferah.

Quando questionada sobre a influência do Reality RuPaul Drag Race e a nova cena LGBT de Salvador, Ferah prontamente sinalizou que o programa deu visibilidade à cena transformista e drag queen, entretanto a conscientização em torno da demanda racial/étnica foi o próprio convívio com a realidade soteropolitana, pois a cena transformista soteropolitana ainda aparenta resistência com as transformistas negras.

É por tudo isso que nós da Equipe Dois Terços convidamos e recomendamos a tod@s nossos internautas a curtirem no dia 03/06 (sábado), a partir das 18h, o baphon e lacração das “Bonecas Pretas”, vamos ver Juliana desmaiada na porta da Igreja do Santo Antônio Além do Carmo quando ELAS estiverem passando.

 

Texto: Diego Ramon